quarta-feira, março 23, 2022


 









E o olhar quedou-se na imagem

Feliz de um horizonte qualquer

O corpo tomou como seu

O incendio dos sentidos

Onde o poema nasce sem palavras

E ecoa num hino animal

Sem regras, sem fronteiras, sem tabus

Numa tela pintada com as cores

Da liberdade


Manuel F. C. Almeida

segunda-feira, dezembro 27, 2021


 








Neste dia frio e cinzento

O vento rasga o olhar e

A água beija a terra e a vida.

No mar os barcos brincam

Com as ondas e

As aves flutuam nos ares

Da minha janela vejo tudo isto

E tudo o resto que se deixa ver

Pouso o sonho nas ideias

E deixo-me embalar pela música

Que o mundo pinta lá fora

E sento-me sem entender ´

Como é possível

Viver sem ouvir

Os sons de mim mesmo.

 

Manuel F. C. Almeida


sexta-feira, dezembro 24, 2021


 









Não te prendas onde o medo habita

E o tédio tomou o tempo como seu

Não te prendas nas memórias

Porque as memórias te irão

Sugar a vida pouco a pouco

Afasta as aparências devagar

Sem medo de tomares nos olhos

O saber que eles te dão

Ama na vida todos os dias

E faz da noite um renovar

Das sombras que esconjuram o medo

Vive tudo, sem ter resultados esperados

E quando sentires que é hora

Escolhe o silencio como companhia

 

Manuel Almeida


domingo, novembro 28, 2021


 









Em frente a nós a mesa

A mesa onde iriamos almoçar

De olhos vendados

De costas para a realidade

E restavam os gestos vazios

De sentido, como tudo o resto.

Mentalmente percorri o espaço

E questionei-te sobre o caminho

Mantiveste a venda e respondeste

Que o caminho não importa

Que o importante era parecer

Que importava. O silencio voltou a cair-nos aos pés.

O empregado serviu a refeição

E de olhos vendados

Continuámos a fazer crer

Que existia um caminho

Quando na verdade era o abismo

Que nos esperava.

 

 

Manuel F. C. Almeida


sexta-feira, novembro 19, 2021


 









De que te vale a vida se não vives?

Matas-te a trabalhar

e a cuidar de estar vivo para quê?

Todos os dias repetes os mesmos gestos

Sem alegria e apenas para

Sobreviver mais um dia merdoso,

Na esperança que tudo chegue ao

Momento de a vida ter sentido,

Vais jogando em apostas estéreis e falaciosas

Sonhando com o eldorado que te prometem

Os que com esse dinheiro já lá estão.

Arrastas-te para hipotecar a vida numa casa

Oi num carro para fazeres de ti

Prisioneiro do jogo dos bancos.

E arregimentas-te numa organização qualquer

Que te promete dias melhores…sempre a trabalhar.

Tens uma, duas, três, quatro

Ou mais relações a quem prometes amar

E que te prometem amar até que o tédio

Te cai nos braços e tu noutros braços

Para que o ciclo se repita

Todos te amam muito, tanto… que preferem

Ver-te morto a ser feliz na cama de outro alguém.

Depois vêm as doenças de que nunca te curam

Apenas te vão tratando para que

Não te sares e o teu salário sirva os

Que vivem das tuas maleitas,

E continuas pé ante pé neste

Circo maldito em que vives sem dar conta

Que já não vives, apenas esperas

Obediente o momento de morrer.

 Finalmente és uma pessoa boa, honesta, trabalhadora,

Nada fizeste de importante, nada fizeste para a tua

Felicidade, mas deixaste um legado

Ao mundo… um ou mais filhos

Que irão continuar a jogar este jogo

E se tudo começou num momento de prazer e luxuria

Porque razão tem de acabar num

Momento de agonia?

Que se foda a vida, que se fodam as pessoas

Que se foda isto tudo porque nada faz sentido.

A liberdade é uma quimera e tu odeias ser livre

Odeias tanto que vais adicionando algemas e grilhetas

Com a máscara do socialmente aceitável

E se contas isto ao mundo olham-te como louco

Escarram à tua passagem e se puderem

Apagam-te das suas vidas e tu sabes que só nesse

Dia serás tu, feliz como és e pronto para viver.


Manuel F. C. Almeida


terça-feira, novembro 16, 2021


 









Chega a noite nos meus olhos

Já nada conta, já nada me traz

O cantar dos bosques

Ou o cheiro adocicado das madrugadas

É tarde para mim,

Ficam as minhas palavras

E o meu modo de abraçar o mundo

Quando o mundo me tinha presente

Agora que é tarde para mim

Sinto a falta de muitos braços

De muitos abraços

E da voz de quem me amou

De verdade

É tarde para mim

E para este viver sem viver

 

 

Manuel F, C, Almeida


segunda-feira, novembro 08, 2021


 








Quantas gentes se interrogam

Sobre o seu caminhar?

Ou sobre o vento que nos faz ouvir

Poemas de mar?

Quantas gentes nos estendem palavras

E nos cantam as mãos?

Ou nos abraçam com os olhos

E com o coração?

Quantas, quantas nos salvam

Da solidão?

 

Manuel Almeida


quinta-feira, novembro 04, 2021


 











Trago na pele

O tatuar de uma vida

E nas mãos

Mil telas por pintar

 

Trago nos olhos

A esperança perdida

E no rosto

Um poema por cantar

 

Porque todo o meu ser

É uma caravela à deriva

Na procura de um porto

Onde possa aportar

 

Manuel F. C. Almeida


sexta-feira, outubro 29, 2021






Se te fores, não quero abraços

Basta-me o nosso poema

Em que vento nos cantava

A beleza das colinas e dos beijos

Nos sonhos que ardiam

E que nos tomavam como

Certos os tempos

Que são apenas memórias

Tingidas pelas cores de canções

Feitas a dois

E engalanadas pelas flores

De uma alegria saída dos olhares

Cúmplices

Quando os olhos se fecham e o amor

É só o que existe.

 

Manuel F. C. Almeida


 

quarta-feira, agosto 11, 2021


 








Canto da partida


Toda a partida é um adeus definitivo

Quando partes deixas para trás um mundo

Único, que o tempo irá alterar

Tal como te altera a ti

Guardas na memória um local

A que jamais regressarás.

Tudo muda, é assim a natureza das coisas

Até tu mudas e se ao regressares te recordas dos

Cheiros e das pessoas, e tentas repetir os gestos

Repetidos milhares de vezes

Desengana-te, nada é o que foi

Só na tua memória, e mesmo essa não é confiável,

Existe aquele mundo que viste ao partir

Partir é o cortar do cordão umbilical

Com os sítios e as pessoas

É um renovar doloroso do ciclo da vida

Um enterro do passado no tempo

O passado que sonhas encontrar quando regressas

Mas os lugares mudam, os cheiros mudam

As pessoas mudam

E de repente dás-te conta da realidade

E sentes-te um estranho numa terra estranha

Já não pertences ali, até os olhares te agridem

Já não és parte do clã, da matilha

Não és de parte nenhuma.

E ficas parado, desarmado pelas memorias

Que se desmoronam…

Como um castelo de cartas no vento.


Manuel F. C. Almeida


segunda-feira, agosto 09, 2021


 







De que te vale a vida se não vives?

Matas-te a trabalhar

e a cuidar de estar vivo para quê?

Todos os dias repetes os mesmos gestos

Sem alegria e apenas para

Sobreviver mais um dia merdoso,

Na esperança que tudo chegue ao

Momento de a vida ter sentido

Vais jogando em apostas estéreis e falaciosas

Sonhando com o eldorado que te prometem

Os que com esse dinheiro já lá estão

Arrastas-te para hipotecar a vida numa casa

Oi num carro para fazeres de ti

Prisioneiro do jogo dos bancos

E arregimentas-te numa organização qualquer

Que te promete dias melhores…sempre a trabalhar

Tens uma, duas, três, quatro

Ou mais relações a quem prometes amar

E que te prometem amar até que o tédio

Te cai nos braços e tu noutros braços

Para que o ciclo se repita

Todos te amam muito, tanto… que preferem

Ver-te morto a ser feliz na cama de outro alguém.

Depois vêm as doenças de que nunca te curam

Apenas te vão tratando para que

Não te sares e o teu salário sirva os

Que vivem das tuas maleitas

E continuas pé ante pé neste

Circo maldito em que vives sem dar conta

Que já não vives, apenas esperas

Obediente o momento de morrer.

 Finalmente és uma pessoa boa, honesta, trabalhadora,

Nada fizeste de importante, nada fizeste para a tua

Felicidade, mas deixaste um legado

Ao mundo… um ou mais filhos

Que irão continuar a jogar este jogo

E se tudo começou num momento de luxuria

Porque razão tem de acabar num

Momento de agonia?

Que se foda a vida, que se fodam as pessoas

Que se foda isto tudo porque nada faz sentido.

A liberdade é uma quimera e tu odeias ser livre

Odeias tanto que vais adicionando algemas e grilhetas

Com a máscara do socialmente aceitável

E se contas isto ao mundo olham-te como louco

Escarram à tua passagem e se puderem

Apagam-te das suas vidas e tu sabes que só nesse

Dia serás tu, feliz como és e pronto para viver.


sábado, dezembro 28, 2019

























Na sedutora tela do olhar
Criei uma imagem
Onde as mãos e os dedos
Cantam a difusa forma
Dos corpos
E adivinham o sal que escorre
Da pedra e se transmuta em
Diamante.
Semente líquida de rubro
Desejo, transparente tela de fogo
Onde o meu coração jaz,
Como uma flor no deserto
Num encanto mágico
De silêncios.

Manuel F. C. Almeida

quarta-feira, dezembro 04, 2019


















Do fundo da alma alguém te chama
E te ilumina o caminho. O seu corpo exala
O perfume dos tempos, como as estações
Do ano te recordam a condição humana
E os sons próprios da magia de acontecer.
Sentes a solidão, rodeado de caras estranhas,
Repetidas… e um dia a dia vivido na desolação
Da cegueira e da saudade.
A beleza do caminho é festejada por milhares de
Borboletas incandescentes, com todas as cores
Do universo que um dia tiveste na mão e que
Soltaste livre, como tudo o que se ama na verdade.
E a voz da tua alma cala-se, és tu que trazes luz
Ao caminho.

Manuel F. C. Almeida

segunda-feira, novembro 04, 2019

















Surgiste um dia sem temor
De cabelo solto, engalanado
Tomei-te o corpo, ainda em flor
Perdi-me em ti, apaixonado.

Mas tudo tem tempo de acontecer
Tudo é infinito quando dura
Mas a paixão tende a esmorecer
Como pedra quando a agua a fura

E se tudo tem um momento pra florir
E um outro momento pra entristecer
Saibamos enfrentar tudo a sorrir

Porque tudo tem um dia pra morrer
Tomemos então isso sempre a rir
E façamos com amizade outro viver.

Manuel F. C. Almeida

domingo, julho 28, 2019







Quando sentes que a terra te foge e levitas no ar, como uma folha seca,
Quando o amanhã se pinta de nevoeiro e da cor das pedras anónimas da colina
É tempo de te fechares por uns instantes num casulo e transformares os dias
Em momentos de primavera onde a vida se renova e a terra volta
Aos teus pés.


Manuel F.C. Almeida







quarta-feira, fevereiro 20, 2019
















Eu não creio em amores eternos
Nem em vida sem mudanças
A eternidade é muito tempo
E a cada momento tudo muda
Não tenho, pois, a ilusão
Que o olhar fique preso
Ou que o sentir se congele
Num tempo sem tempo
Num oceano sem marés
Num viver sem acontecer.

Sejamos então imortais
Do nascer até morrer

Manuel F. C. Almeida

terça-feira, dezembro 11, 2018
















Já nem recordo a idade,
Só a beleza indomável do teu rosto,
Que se mostrava ansioso
E nunca estava presente,
Engalanado pelo teu cabelo
Negro e por um olhar de amêndoas
Que teimava em não pousar
Na terra.
Já nem recordo se eras assim
Ou se eram os meus olhos
Que te construíam.

Manuel F. C. Almeida

terça-feira, dezembro 04, 2018






















Levantei-te nas minhas mãos Ao findar do dia,
Quando a noite toma conta das horas
E os silêncios se sentam dentro de nós
E nos ensinam a cor das palavras e dos sons.                                                                         
Abraçados, em silêncio tocámos os corpos
E experimentámos o sabor da presença,
No olhar que já não escondemos
E nos inunda com o desejo das mãos
Nuas que nos prendem os corpos aos corpos.

Manuel F.C. Almeida

terça-feira, novembro 27, 2018
















Eu não estou preso a ninguém
Nem sou propriedade privada
Nem quero que haja alguém
Que se sinta por mim agrilhoada

Cresci, envelheci e sempre mudei
Na vida nada fica imutável
Fui feliz e infeliz, quando amei,
E o prazer na vida nunca é estável

Ao sabor do vento asas soltei
Como uma gaivota em tempestade
E se na tempestade me aventurei

Sem rumo certo e sem passado
Quero que os outros possam voar
Em igualdade lado a lado

Manuel F. C. Almeida