sexta-feira, novembro 19, 2021


 









De que te vale a vida se não vives?

Matas-te a trabalhar

e a cuidar de estar vivo para quê?

Todos os dias repetes os mesmos gestos

Sem alegria e apenas para

Sobreviver mais um dia merdoso,

Na esperança que tudo chegue ao

Momento de a vida ter sentido,

Vais jogando em apostas estéreis e falaciosas

Sonhando com o eldorado que te prometem

Os que com esse dinheiro já lá estão.

Arrastas-te para hipotecar a vida numa casa

Oi num carro para fazeres de ti

Prisioneiro do jogo dos bancos.

E arregimentas-te numa organização qualquer

Que te promete dias melhores…sempre a trabalhar.

Tens uma, duas, três, quatro

Ou mais relações a quem prometes amar

E que te prometem amar até que o tédio

Te cai nos braços e tu noutros braços

Para que o ciclo se repita

Todos te amam muito, tanto… que preferem

Ver-te morto a ser feliz na cama de outro alguém.

Depois vêm as doenças de que nunca te curam

Apenas te vão tratando para que

Não te sares e o teu salário sirva os

Que vivem das tuas maleitas,

E continuas pé ante pé neste

Circo maldito em que vives sem dar conta

Que já não vives, apenas esperas

Obediente o momento de morrer.

 Finalmente és uma pessoa boa, honesta, trabalhadora,

Nada fizeste de importante, nada fizeste para a tua

Felicidade, mas deixaste um legado

Ao mundo… um ou mais filhos

Que irão continuar a jogar este jogo

E se tudo começou num momento de prazer e luxuria

Porque razão tem de acabar num

Momento de agonia?

Que se foda a vida, que se fodam as pessoas

Que se foda isto tudo porque nada faz sentido.

A liberdade é uma quimera e tu odeias ser livre

Odeias tanto que vais adicionando algemas e grilhetas

Com a máscara do socialmente aceitável

E se contas isto ao mundo olham-te como louco

Escarram à tua passagem e se puderem

Apagam-te das suas vidas e tu sabes que só nesse

Dia serás tu, feliz como és e pronto para viver.


Manuel F. C. Almeida


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