terça-feira, setembro 06, 2022

 


Procuro

Nas imagens da palavra,

Nas horas do silencio,

Na luz sumida do entardecer

Onde vagueiam os sonhos

E as sombras se fazem

Vida

O sopro que me irá

Levar e transportar

Para uns braços.

Os teus.

 

Manuel F. C. Almeida

quarta-feira, março 23, 2022


 









E o olhar quedou-se na imagem

Feliz de um horizonte qualquer

O corpo tomou como seu

O incendio dos sentidos

Onde o poema nasce sem palavras

E ecoa num hino animal

Sem regras, sem fronteiras, sem tabus

Numa tela pintada com as cores

Da liberdade


Manuel F. C. Almeida

segunda-feira, dezembro 27, 2021


 








Neste dia frio e cinzento

O vento rasga o olhar e

A água beija a terra e a vida.

No mar os barcos brincam

Com as ondas e

As aves flutuam nos ares

Da minha janela vejo tudo isto

E tudo o resto que se deixa ver

Pouso o sonho nas ideias

E deixo-me embalar pela música

Que o mundo pinta lá fora

E sento-me sem entender ´

Como é possível

Viver sem ouvir

Os sons de mim mesmo.

 

Manuel F. C. Almeida


sexta-feira, dezembro 24, 2021


 









Não te prendas onde o medo habita

E o tédio tomou o tempo como seu

Não te prendas nas memórias

Porque as memórias te irão

Sugar a vida pouco a pouco

Afasta as aparências devagar

Sem medo de tomares nos olhos

O saber que eles te dão

Ama na vida todos os dias

E faz da noite um renovar

Das sombras que esconjuram o medo

Vive tudo, sem ter resultados esperados

E quando sentires que é hora

Escolhe o silencio como companhia

 

Manuel Almeida


domingo, novembro 28, 2021


 









Em frente a nós a mesa

A mesa onde iriamos almoçar

De olhos vendados

De costas para a realidade

E restavam os gestos vazios

De sentido, como tudo o resto.

Mentalmente percorri o espaço

E questionei-te sobre o caminho

Mantiveste a venda e respondeste

Que o caminho não importa

Que o importante era parecer

Que importava. O silencio voltou a cair-nos aos pés.

O empregado serviu a refeição

E de olhos vendados

Continuámos a fazer crer

Que existia um caminho

Quando na verdade era o abismo

Que nos esperava.

 

 

Manuel F. C. Almeida


sexta-feira, novembro 19, 2021


 









De que te vale a vida se não vives?

Matas-te a trabalhar

e a cuidar de estar vivo para quê?

Todos os dias repetes os mesmos gestos

Sem alegria e apenas para

Sobreviver mais um dia merdoso,

Na esperança que tudo chegue ao

Momento de a vida ter sentido,

Vais jogando em apostas estéreis e falaciosas

Sonhando com o eldorado que te prometem

Os que com esse dinheiro já lá estão.

Arrastas-te para hipotecar a vida numa casa

Oi num carro para fazeres de ti

Prisioneiro do jogo dos bancos.

E arregimentas-te numa organização qualquer

Que te promete dias melhores…sempre a trabalhar.

Tens uma, duas, três, quatro

Ou mais relações a quem prometes amar

E que te prometem amar até que o tédio

Te cai nos braços e tu noutros braços

Para que o ciclo se repita

Todos te amam muito, tanto… que preferem

Ver-te morto a ser feliz na cama de outro alguém.

Depois vêm as doenças de que nunca te curam

Apenas te vão tratando para que

Não te sares e o teu salário sirva os

Que vivem das tuas maleitas,

E continuas pé ante pé neste

Circo maldito em que vives sem dar conta

Que já não vives, apenas esperas

Obediente o momento de morrer.

 Finalmente és uma pessoa boa, honesta, trabalhadora,

Nada fizeste de importante, nada fizeste para a tua

Felicidade, mas deixaste um legado

Ao mundo… um ou mais filhos

Que irão continuar a jogar este jogo

E se tudo começou num momento de prazer e luxuria

Porque razão tem de acabar num

Momento de agonia?

Que se foda a vida, que se fodam as pessoas

Que se foda isto tudo porque nada faz sentido.

A liberdade é uma quimera e tu odeias ser livre

Odeias tanto que vais adicionando algemas e grilhetas

Com a máscara do socialmente aceitável

E se contas isto ao mundo olham-te como louco

Escarram à tua passagem e se puderem

Apagam-te das suas vidas e tu sabes que só nesse

Dia serás tu, feliz como és e pronto para viver.


Manuel F. C. Almeida


terça-feira, novembro 16, 2021


 









Chega a noite nos meus olhos

Já nada conta, já nada me traz

O cantar dos bosques

Ou o cheiro adocicado das madrugadas

É tarde para mim,

Ficam as minhas palavras

E o meu modo de abraçar o mundo

Quando o mundo me tinha presente

Agora que é tarde para mim

Sinto a falta de muitos braços

De muitos abraços

E da voz de quem me amou

De verdade

É tarde para mim

E para este viver sem viver

 

 

Manuel F, C, Almeida


segunda-feira, novembro 08, 2021


 








Quantas gentes se interrogam

Sobre o seu caminhar?

Ou sobre o vento que nos faz ouvir

Poemas de mar?

Quantas gentes nos estendem palavras

E nos cantam as mãos?

Ou nos abraçam com os olhos

E com o coração?

Quantas, quantas nos salvam

Da solidão?

 

Manuel Almeida


quinta-feira, novembro 04, 2021


 











Trago na pele

O tatuar de uma vida

E nas mãos

Mil telas por pintar

 

Trago nos olhos

A esperança perdida

E no rosto

Um poema por cantar

 

Porque todo o meu ser

É uma caravela à deriva

Na procura de um porto

Onde possa aportar

 

Manuel F. C. Almeida


sexta-feira, outubro 29, 2021






Se te fores, não quero abraços

Basta-me o nosso poema

Em que vento nos cantava

A beleza das colinas e dos beijos

Nos sonhos que ardiam

E que nos tomavam como

Certos os tempos

Que são apenas memórias

Tingidas pelas cores de canções

Feitas a dois

E engalanadas pelas flores

De uma alegria saída dos olhares

Cúmplices

Quando os olhos se fecham e o amor

É só o que existe.

 

Manuel F. C. Almeida


 

quarta-feira, agosto 11, 2021


 








Canto da partida


Toda a partida é um adeus definitivo

Quando partes deixas para trás um mundo

Único, que o tempo irá alterar

Tal como te altera a ti

Guardas na memória um local

A que jamais regressarás.

Tudo muda, é assim a natureza das coisas

Até tu mudas e se ao regressares te recordas dos

Cheiros e das pessoas, e tentas repetir os gestos

Repetidos milhares de vezes

Desengana-te, nada é o que foi

Só na tua memória, e mesmo essa não é confiável,

Existe aquele mundo que viste ao partir

Partir é o cortar do cordão umbilical

Com os sítios e as pessoas

É um renovar doloroso do ciclo da vida

Um enterro do passado no tempo

O passado que sonhas encontrar quando regressas

Mas os lugares mudam, os cheiros mudam

As pessoas mudam

E de repente dás-te conta da realidade

E sentes-te um estranho numa terra estranha

Já não pertences ali, até os olhares te agridem

Já não és parte do clã, da matilha

Não és de parte nenhuma.

E ficas parado, desarmado pelas memorias

Que se desmoronam…

Como um castelo de cartas no vento.


Manuel F. C. Almeida


segunda-feira, agosto 09, 2021


 







De que te vale a vida se não vives?

Matas-te a trabalhar

e a cuidar de estar vivo para quê?

Todos os dias repetes os mesmos gestos

Sem alegria e apenas para

Sobreviver mais um dia merdoso,

Na esperança que tudo chegue ao

Momento de a vida ter sentido

Vais jogando em apostas estéreis e falaciosas

Sonhando com o eldorado que te prometem

Os que com esse dinheiro já lá estão

Arrastas-te para hipotecar a vida numa casa

Oi num carro para fazeres de ti

Prisioneiro do jogo dos bancos

E arregimentas-te numa organização qualquer

Que te promete dias melhores…sempre a trabalhar

Tens uma, duas, três, quatro

Ou mais relações a quem prometes amar

E que te prometem amar até que o tédio

Te cai nos braços e tu noutros braços

Para que o ciclo se repita

Todos te amam muito, tanto… que preferem

Ver-te morto a ser feliz na cama de outro alguém.

Depois vêm as doenças de que nunca te curam

Apenas te vão tratando para que

Não te sares e o teu salário sirva os

Que vivem das tuas maleitas

E continuas pé ante pé neste

Circo maldito em que vives sem dar conta

Que já não vives, apenas esperas

Obediente o momento de morrer.

 Finalmente és uma pessoa boa, honesta, trabalhadora,

Nada fizeste de importante, nada fizeste para a tua

Felicidade, mas deixaste um legado

Ao mundo… um ou mais filhos

Que irão continuar a jogar este jogo

E se tudo começou num momento de luxuria

Porque razão tem de acabar num

Momento de agonia?

Que se foda a vida, que se fodam as pessoas

Que se foda isto tudo porque nada faz sentido.

A liberdade é uma quimera e tu odeias ser livre

Odeias tanto que vais adicionando algemas e grilhetas

Com a máscara do socialmente aceitável

E se contas isto ao mundo olham-te como louco

Escarram à tua passagem e se puderem

Apagam-te das suas vidas e tu sabes que só nesse

Dia serás tu, feliz como és e pronto para viver.


sábado, dezembro 28, 2019

























Na sedutora tela do olhar
Criei uma imagem
Onde as mãos e os dedos
Cantam a difusa forma
Dos corpos
E adivinham o sal que escorre
Da pedra e se transmuta em
Diamante.
Semente líquida de rubro
Desejo, transparente tela de fogo
Onde o meu coração jaz,
Como uma flor no deserto
Num encanto mágico
De silêncios.

Manuel F. C. Almeida

quarta-feira, dezembro 04, 2019


















Do fundo da alma alguém te chama
E te ilumina o caminho. O seu corpo exala
O perfume dos tempos, como as estações
Do ano te recordam a condição humana
E os sons próprios da magia de acontecer.
Sentes a solidão, rodeado de caras estranhas,
Repetidas… e um dia a dia vivido na desolação
Da cegueira e da saudade.
A beleza do caminho é festejada por milhares de
Borboletas incandescentes, com todas as cores
Do universo que um dia tiveste na mão e que
Soltaste livre, como tudo o que se ama na verdade.
E a voz da tua alma cala-se, és tu que trazes luz
Ao caminho.

Manuel F. C. Almeida

segunda-feira, novembro 04, 2019

















Surgiste um dia sem temor
De cabelo solto, engalanado
Tomei-te o corpo, ainda em flor
Perdi-me em ti, apaixonado.

Mas tudo tem tempo de acontecer
Tudo é infinito quando dura
Mas a paixão tende a esmorecer
Como pedra quando a agua a fura

E se tudo tem um momento pra florir
E um outro momento pra entristecer
Saibamos enfrentar tudo a sorrir

Porque tudo tem um dia pra morrer
Tomemos então isso sempre a rir
E façamos com amizade outro viver.

Manuel F. C. Almeida