Procuro
Nas imagens da
palavra,
Nas horas do
silencio,
Na luz sumida do
entardecer
Onde vagueiam os
sonhos
E as sombras se
fazem
Vida
O sopro que me
irá
Levar e
transportar
Para uns braços.
Os teus.
Manuel F. C.
Almeida
Eu pertenço a um outro país que não o vosso, a um outro quarteirão, a uma outra solidão LÈO FERRÉ
Neste dia frio e
cinzento
O vento rasga o
olhar e
A água beija a
terra e a vida.
No mar os barcos brincam
Com as ondas e
As aves flutuam nos
ares
Da minha janela
vejo tudo isto
E tudo o resto
que se deixa ver
Pouso o sonho nas
ideias
E deixo-me
embalar pela música
Que o mundo pinta
lá fora
E sento-me sem
entender ´
Como é possível
Viver sem ouvir
Os sons de mim
mesmo.
Manuel F. C.
Almeida
Não te prendas
onde o medo habita
E o tédio tomou o
tempo como seu
Não te prendas
nas memórias
Porque as
memórias te irão
Sugar a vida
pouco a pouco
Afasta as aparências
devagar
Sem medo de
tomares nos olhos
O saber que eles
te dão
Ama na vida todos
os dias
E faz da noite um
renovar
Das sombras que esconjuram
o medo
Vive tudo, sem
ter resultados esperados
E quando sentires
que é hora
Escolhe o
silencio como companhia
Manuel Almeida
Em frente a nós a
mesa
A mesa onde
iriamos almoçar
De olhos vendados
De costas para a
realidade
E restavam os
gestos vazios
De sentido, como
tudo o resto.
Mentalmente percorri
o espaço
E questionei-te
sobre o caminho
Mantiveste a venda
e respondeste
Que o caminho não
importa
Que o importante
era parecer
Que importava. O
silencio voltou a cair-nos aos pés.
O empregado serviu
a refeição
E de olhos
vendados
Continuámos a
fazer crer
Que existia um
caminho
Quando na verdade
era o abismo
Que nos esperava.
Manuel F. C.
Almeida
De que te vale a vida se não vives?
Matas-te a trabalhar
e a cuidar de estar vivo para quê?
Todos os dias repetes os mesmos gestos
Sem alegria e apenas para
Sobreviver mais um dia merdoso,
Na esperança que tudo chegue ao
Momento de a vida ter sentido,
Vais jogando em apostas estéreis e falaciosas
Sonhando com o eldorado que te prometem
Os que com esse dinheiro já lá estão.
Arrastas-te para hipotecar a vida numa casa
Oi num carro para fazeres de ti
Prisioneiro do jogo dos bancos.
E arregimentas-te numa organização qualquer
Que te promete dias melhores…sempre a trabalhar.
Tens uma, duas, três, quatro
Ou mais relações a quem prometes amar
E que te prometem amar até que o tédio
Te cai nos braços e tu noutros braços
Para que o ciclo se repita
Todos te amam muito, tanto… que preferem
Ver-te morto a ser feliz na cama de outro alguém.
Depois vêm as doenças de que nunca te curam
Apenas te vão tratando para que
Não te sares e o teu salário sirva os
Que vivem das tuas maleitas,
E continuas pé ante pé neste
Circo maldito em que vives sem dar conta
Que já não vives, apenas esperas
Obediente o momento de morrer.
Finalmente és uma
pessoa boa, honesta, trabalhadora,
Nada fizeste de importante, nada fizeste para a tua
Felicidade, mas deixaste um legado
Ao mundo… um ou mais filhos
Que irão continuar a jogar este jogo
E se tudo começou num momento de prazer e luxuria
Porque razão tem de acabar num
Momento de agonia?
Que se foda a vida, que se fodam as pessoas
Que se foda isto tudo porque nada faz sentido.
A liberdade é uma quimera e tu odeias ser livre
Odeias tanto que vais adicionando algemas e grilhetas
Com a máscara do socialmente aceitável
E se contas isto ao mundo olham-te como louco
Escarram à tua passagem e se puderem
Apagam-te das suas vidas e tu sabes que só nesse
Dia serás tu, feliz como és e pronto para viver.
Manuel F. C. Almeida
Chega a noite nos
meus olhos
Já nada conta, já
nada me traz
O cantar dos
bosques
Ou o cheiro adocicado
das madrugadas
É tarde para mim,
Ficam as minhas
palavras
E o meu modo de abraçar
o mundo
Quando o mundo me
tinha presente
Agora que é tarde
para mim
Sinto a falta de
muitos braços
De muitos abraços
E da voz de quem
me amou
De verdade
É tarde para mim
E para este viver
sem viver
Manuel F, C,
Almeida
Se te fores, não
quero abraços
Basta-me o nosso
poema
Em que vento nos
cantava
A beleza das
colinas e dos beijos
Nos sonhos que
ardiam
E que nos tomavam
como
Certos os tempos
Que são apenas memórias
Tingidas pelas
cores de canções
Feitas a dois
E engalanadas pelas
flores
De uma alegria saída
dos olhares
Cúmplices
Quando os olhos
se fecham e o amor
É só o que existe.
Manuel F. C.
Almeida
Canto da partida
Toda a partida é um adeus definitivo
Quando partes deixas para trás um mundo
Único, que o tempo irá alterar
Tal como te altera a ti
Guardas na memória um local
A que jamais regressarás.
Tudo muda, é assim a natureza das coisas
Até tu mudas e se ao regressares te recordas dos
Cheiros e das pessoas, e tentas repetir os gestos
Repetidos milhares de vezes
Desengana-te, nada é o que foi
Só na tua memória, e mesmo essa não é confiável,
Existe aquele mundo que viste ao partir
Partir é o cortar do cordão umbilical
Com os sítios e as pessoas
É um renovar doloroso do ciclo da vida
Um enterro do passado no tempo
O passado que sonhas encontrar quando regressas
Mas os lugares mudam, os cheiros mudam
As pessoas mudam
E de repente dás-te conta da realidade
E sentes-te um estranho numa terra estranha
Já não pertences ali, até os olhares te agridem
Já não és parte do clã, da matilha
Não és de parte nenhuma.
E ficas parado, desarmado pelas memorias
Que se desmoronam…
Como um castelo de cartas no vento.
Manuel F. C. Almeida
De que te vale a vida se não vives?
Matas-te a trabalhar
e a cuidar de estar vivo para quê?
Todos os dias repetes os mesmos gestos
Sem alegria e apenas para
Sobreviver mais um dia merdoso,
Na esperança que tudo chegue ao
Momento de a vida ter sentido
Vais jogando em apostas estéreis e falaciosas
Sonhando com o eldorado que te prometem
Os que com esse dinheiro já lá estão
Arrastas-te para hipotecar a vida numa casa
Oi num carro para fazeres de ti
Prisioneiro do jogo dos bancos
E arregimentas-te numa organização qualquer
Que te promete dias melhores…sempre a trabalhar
Tens uma, duas, três, quatro
Ou mais relações a quem prometes amar
E que te prometem amar até que o tédio
Te cai nos braços e tu noutros braços
Para que o ciclo se repita
Todos te amam muito, tanto… que preferem
Ver-te morto a ser feliz na cama de outro alguém.
Depois vêm as doenças de que nunca te curam
Apenas te vão tratando para que
Não te sares e o teu salário sirva os
Que vivem das tuas maleitas
E continuas pé ante pé neste
Circo maldito em que vives sem dar conta
Que já não vives, apenas esperas
Obediente o momento de morrer.
Finalmente és uma
pessoa boa, honesta, trabalhadora,
Nada fizeste de importante, nada fizeste para a tua
Felicidade, mas deixaste um legado
Ao mundo… um ou mais filhos
Que irão continuar a jogar este jogo
E se tudo começou num momento de luxuria
Porque razão tem de acabar num
Momento de agonia?
Que se foda a vida, que se fodam as pessoas
Que se foda isto tudo porque nada faz sentido.
A liberdade é uma quimera e tu odeias ser livre
Odeias tanto que vais adicionando algemas e grilhetas
Com a máscara do socialmente aceitável
E se contas isto ao mundo olham-te como louco
Escarram à tua passagem e se puderem
Apagam-te das suas vidas e tu sabes que só nesse
Dia serás tu, feliz como és e pronto para viver.