quarta-feira, julho 27, 2016






















Entre silêncios de ouro

Me encontro.

Um de tempo e areia que

Consome em vida

Outro de sonhos e ventos

Que me trazem esperança.



Em ambos habito e resgato

A vontade e a memória,

Dos tempos em que os teus

Passos se faziam leves e me

Pintavam o horizonte com

As cores do arco-íris

Numa partitura de corpos

Que se celebravam comum.





Manuel F. C. Almeida

quarta-feira, julho 20, 2016

























Descem sobre nós as sombras
Das palavras ditas em silêncio.
Desenhadas nas gotas de sal
Que nunca nos caem da face
Sorrimos, mascarando a alma
E dando brilho ao olhar
Como uma tela onde todas as cores
Se revelam secretamente vivas
E continuamos como um poema
Entre beijos e abraços coloridos
Entre desejos e sentidos simples
Com palavras esculpidas no tempo
E com pétalas que se soltam
Ao sabor do vento
E se transformam em flor
No encontro proibido dos corpos


Manuel F. C. Almeida

terça-feira, julho 12, 2016





















Escrevo sobre uma tela de flores
Jardim perdido na memória
Tingido pelo sangue da história
No desejo secular de mil amores
Escrevo sobre mim e isso basta
Porque em mim tudo acontece devagar
E até o tempo do verbo amar
Em mim é tempo que se gasta
Escrevo sobre a miragem do deserto
A miragem que caminha a nosso lado
Que faz da nossa vida apenas fado
Com poemas de vida sempre em aberto

Escrevo sobre a vida que escolhemos
Ou antes que nos levam a escolher
Nos dias de ilusão em que o viver
É um espelho do que não queremos,



Manuel F. C. Almeida

sexta-feira, julho 01, 2016






















Se a sombra se projecta
No branco dos tecidos
É a luz que penetra
No enlace dos corpos
E na ânsia dos desejos
Há muito adormecidos

Manuel F. C. Almeida

terça-feira, junho 21, 2016



















Mil fragmentos
Mil momentos
Mil sonhos em pedaços
Mil esgares de palhaços
Em mil espelhos de luz
Numa imagem repetida
Desse corpo que se entrega
À luxúria da refrega
Na intensidade da vida

Manuel F. C. Almeida

segunda-feira, junho 13, 2016


















Bebo a vida no olhar
A vida que acontece
Sem parar
Num corpo que já esmorece
Numa alma sem brilhar.

Bebo a vida com as mãos
Moldo-a como se terra fosse
Num instante melancólico
De silencio interior,
De saudade e lágrimas
De cristal incolor.

Bebo a vida no desejo
De encontrar o que perdi
A alegria de ver
Naquela criança que ri
O olhar de quem
Espantado
Se cruza comigo
E sorri.

Bebo a vida com o corpo
Que abraço todos os dias
Como se fossem estrelas
Que se deixam agarrar
Nos olhos de quem acredita
Que estar vivo
É Mudar.

Manuel Almeida