quarta-feira, julho 20, 2016

























Descem sobre nós as sombras
Das palavras ditas em silêncio.
Desenhadas nas gotas de sal
Que nunca nos caem da face
Sorrimos, mascarando a alma
E dando brilho ao olhar
Como uma tela onde todas as cores
Se revelam secretamente vivas
E continuamos como um poema
Entre beijos e abraços coloridos
Entre desejos e sentidos simples
Com palavras esculpidas no tempo
E com pétalas que se soltam
Ao sabor do vento
E se transformam em flor
No encontro proibido dos corpos


Manuel F. C. Almeida

terça-feira, julho 12, 2016





















Escrevo sobre uma tela de flores
Jardim perdido na memória
Tingido pelo sangue da história
No desejo secular de mil amores
Escrevo sobre mim e isso basta
Porque em mim tudo acontece devagar
E até o tempo do verbo amar
Em mim é tempo que se gasta
Escrevo sobre a miragem do deserto
A miragem que caminha a nosso lado
Que faz da nossa vida apenas fado
Com poemas de vida sempre em aberto

Escrevo sobre a vida que escolhemos
Ou antes que nos levam a escolher
Nos dias de ilusão em que o viver
É um espelho do que não queremos,



Manuel F. C. Almeida

sexta-feira, julho 01, 2016






















Se a sombra se projecta
No branco dos tecidos
É a luz que penetra
No enlace dos corpos
E na ânsia dos desejos
Há muito adormecidos

Manuel F. C. Almeida

terça-feira, junho 21, 2016



















Mil fragmentos
Mil momentos
Mil sonhos em pedaços
Mil esgares de palhaços
Em mil espelhos de luz
Numa imagem repetida
Desse corpo que se entrega
À luxúria da refrega
Na intensidade da vida

Manuel F. C. Almeida

segunda-feira, junho 13, 2016


















Bebo a vida no olhar
A vida que acontece
Sem parar
Num corpo que já esmorece
Numa alma sem brilhar.

Bebo a vida com as mãos
Moldo-a como se terra fosse
Num instante melancólico
De silencio interior,
De saudade e lágrimas
De cristal incolor.

Bebo a vida no desejo
De encontrar o que perdi
A alegria de ver
Naquela criança que ri
O olhar de quem
Espantado
Se cruza comigo
E sorri.

Bebo a vida com o corpo
Que abraço todos os dias
Como se fossem estrelas
Que se deixam agarrar
Nos olhos de quem acredita
Que estar vivo
É Mudar.

Manuel Almeida

terça-feira, junho 07, 2016
















Para o meu epitáfio:

Foi apenas
Um Homem simples
Entre Homens
Que procurou sem
Moralidade
Amar acima de tudo
A vida e a
Liberdade.


Manuel F. C. Almeida

terça-feira, maio 31, 2016

















Rasgo a carne e o desejo
Em poemas a nascer
E sinto que a vida se renova
Em cada verso a escrever
Nos cantos saídos da alma
Na volúpia de te ter
Nas agruras desta vida
Em que o sonhar é querer
Sentir o desejo dos corpos
No tumulto de viver.


Manuel F. C. Almeida

quarta-feira, maio 18, 2016




















O tempo vive no vento
Que todos os dias me embala
Um vento que nunca se acalma
Um vento que nunca se cala
Um vento que libertou
Os meus sonhos
E se fez livre no tempo
Que cavalgou tempestades
E que se recusa morrer
No tédio de todas as tardes
Em que me julgo viver

Manuel F. C. Almeida