E um dilúvio derramou-se
No meu tempo de vida
Sou o verdadeiro canibal
Da minha existência
Abri chagas nos olhos
Do tamanho dos corações
Que tomei nas mãos
Cego, cheguei à fronteira
Que separa um rio de outro rio
E tacteei as margens suavemente
Mas só nas águas e na corrente
Senti o aveludar de mil corpos
E assim deixei-me escorregar
Nas águas cálidas dos ventres em chama.
Manuel F. C. Almeida