quarta-feira, maio 28, 2014




















E um dilúvio derramou-se
No meu tempo de vida
Sou o verdadeiro canibal
Da minha existência

Abri chagas nos olhos
Do tamanho dos corações
Que tomei nas mãos

Cego, cheguei à fronteira
Que separa um rio de outro rio
E tacteei as margens suavemente

Mas só nas águas e na corrente
Senti o aveludar de mil corpos
E assim deixei-me escorregar
Nas águas cálidas dos ventres em chama.



Manuel F. C. Almeida

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