quinta-feira, junho 06, 2013





















Para te ter dobrei o sonho
E descobri novos mundos
Em mim

Para te ter escavei o tempo
E encontrei tesouros
Em ti

Para te ter construí castelos
De sólidas muralhas
Em nós

E quando um dia a história
Se contar
E o tempo desgastar as pedras
Do nosso universo

Ficaremos sós
Ficaremos só nós
E o canto do outro
Na nossa voz...

Sempre.



Manuel F. C. Almeida

terça-feira, maio 28, 2013























Trespassados os sonhos
Do crescimento
Ausentes dos dias
E do presente
Damos o corpo ao mundo
Sem consciência
Que o branco da alma
Se perdeu
Nas madrugadas incertas
Da existência.


Manuel F. C. Almeida

quinta-feira, maio 23, 2013





















Paredes brancas, casas vazias
Onde o vento se perde e se demora.
Sussurros do tempo, dias nos dias.
Nada é real é tudo ilusório
E só a madrugada nos desnuda
Na procura dos corpos, no delírio
Na luxúria dos lábios e dos ventres
Paredes brancas, casas vazias
Vidas pretensamente presentes.


Manuel F. C. Almeida

domingo, maio 19, 2013















Em ti nada se perde


Nem o sonho, nem a ternura

Nem o desejo de quem

Ao ouvido te murmura

Um amor intemporal.



Em ti nada se encontra

Que não seja esse vazio

Dos dias intermináveis

E das horas sempre estáveis

Das tardes bucólicas de estio.



Manuel F. C. Almeida

domingo, maio 12, 2013





















Nos mistérios do saber,
Escondidos em campos
Que ao por do sol
Se desnudam
Estão os seios e as coxas
Que ávidos de vida
Se oferecem ao sonho
Da luxuria.
Visitamos o mundo
E é a morte que se
Oferece em mil
Máscaras de vida.
E voltamos sempre
Aos campos de prazer
Dos corpos adiados
Que connosco
Se cruzam.
Toda a vida é uma
Encenação
Entre o desejo
De liberdade
E o nada
Tudo não passa
De uma coincidência
Sem sentido.


Manuel F. C. Almeida.

terça-feira, maio 07, 2013





















Se navego num mar de duvidas
Se resisto ao canto das sereias
É porque fui tendo várias vidas
Todas bem preenchidas, cheias.

Se me perco num golpe de vento
E as minhas asas se abrem em leque
É porque fui resistindo no tempo
A quem me quis ter como cheque

Por isso quando me olharem de perto
Procurem ver quem eu sou
Porque eu não sou um projecto

Desenhado à medida de alguém
Serei sempre eu. E aqui estou
Livre. Não sou peça de ninguém.

Manuel F. C. Almeida

sexta-feira, maio 03, 2013

















A vida passa num cósmico minuto
E rapidamente devolvemos a matéria
Que pedimos emprestada.
E nesse minuto de vida... o tudo é nada.
Arrastamos os átomos numa voragem
De loucos que vivem na ilusão
De uma importância qualquer;
E na ideia de ser mais que um outro ser.
E tudo acaba finalmente no dissolver
Da existência, no regresso ao universo
Às coisas simples da natureza
E ao principio de tudo. A beleza de
Ser apenas parte do um todo universal.
Agora, enquanto estás vivo, vive!
Sendo livre e imortal
Não há fora de ti
valor de bem ou de mal.

Manuel Almeida

domingo, abril 28, 2013





















Recusa sempre o que parece óbvio

Que a verdade está sempre escondida

Dos olhos que tudo e nada desnudam



Recusa sempre o que senso te dita

Porque o seu conselho é como ópio

Que te adocica os sonhos e te adormece

A curiosidade.



Recusa sempre um amor resolvido

Um amor adormecido pela voragem

Temporal da paixão perdida e domesticada.



Recusa a morte antecipada e anunciada

Pela ditadura da hipócrita existência social



E nunca aceites como certa a moral

Imposta, a moral do medo, a moral imoral.



Manuel F. C. Almeida

quinta-feira, abril 25, 2013





















Finalmente chegaste


Às portas do meu ser,

Entre as folhagens agrestes

E o amanhecer

Dos meus pesadelos,

Mas o mesmo encanto

Que te trouxe

E que guiou os teus passos

Manteve-te as portas cerradas,

Eliminou o passado

E devolveu me luz aos espaços.



Manuel F. C. Almeida

sexta-feira, abril 19, 2013















Ao meu Tejo de memórias
Dedico a minha vontade.
O canto das minhas histórias
Num lamento de saudade
 Dos dias em que o abraçava
Com um olhar inda inocente
 De quem, sem saber, o amava
E o olhava de frente.
Ao meu tejo de memórias
Quero um dia ser presente.

Manuel F. C. Almeida

sábado, abril 13, 2013

















De tudo o que a vida me tem dado

O que de mais belo tenho guardado

É o reflexo a luar no teu corpo

E o teu cheiro a madrugada.

Memórias que trago comigo

Nesta deserta e longa estrada.



Manuel F. C. Almeida


sábado, abril 06, 2013






















Nos meus olhos ávidos

P’lo teu ser

Reina a lascívia própria

Dos humanos

Feita de sonhos e escuridão

Amálgama secreta

Dos silêncios

Sem culpa ou moralidade

Sou pois um arremedo

De ave

Que nos céus se diverte

Com o vento

E olha o mundo sem

Grades

E sem barreiras à

Liberdade

Uma flor rara e selvagem

Que teima e ocupar

Os espaços livres

Das dunas,

E se protege

Dos olhares implacáveis

De quem vive com dedos

Apontados ao mundo.


E no interior de cada hora

Aspiro a ser aquele

Que chega e se

Demora.


Manuel F. C . Almeida

sábado, março 30, 2013


Esperei-te sentado, na alvorada dos dias

Numa praia de areia e negras pedras

Engalanada pela névoa da manhã,

E quando vieste o sol abriu-se num sorriso

E o oceano lavou-me a alma.

Finalmente a areia clareou.



Manuel F. C. Almeida

terça-feira, março 26, 2013





















Dás o que tens, apenas e só o que tens
Como reserva de ti
O amor e os beijos a espaços não são
Dirigidos a outro, são beijos em ti.
Beijas e ao beijar, não beijas mais
Que a tua necessidade de beijar
É o teu corpo que beijas
E sorris como criança traquina
Que prega partidas sem valor
O sorris por dentro do outro
Que se detêm suspenso num limbo entre
Flores de um jardim abandonado
E a ideia do que foram dias de paixão
E amaste se é que amaste. Hoje
Tudo é um labirinto de olhares
Que se escondem dos olhares.
Toda a verdade é em ti silêncio.
Tristeza amordaçada de uma
Paixão presente de costas voltadas.
E a esperança que o passo a dar
Não seja dado por ti


Manuel F. C. Almeida

quinta-feira, março 21, 2013

DIA MUNDIAL DA POESIA 21-03-2013
Nada fazes que seja novo,

Nem o que escreves é importante.

Tudo o que existe, é apenas tempo.

A criação é algo ilusório,

Pois as palavras que alinhas

E que alimentam os teus sonhos

Já eram palavras vivas

Antes de as escreveres.

É tempo pois de abandonar essa

Pretensa novidade

Porque os poemas já foram

Todos escritos....

Só que alguns ainda não

Se deram a conhecer.



Manuel F. C. Almeida

terça-feira, março 19, 2013





















E eis que o silencio


Se instala

No vento que chega

Se instala

Nas palavras ditas

Se instala

No canto do teu peito

Se instala

Nas manhãs de orvalho

Se instala



E só nos campos floridos

Do teu olhar

Se deixa ler o teu segredo

Que nunca teve o meu nome

Nem o teu amar.

Manuel F. C. Almeida

terça-feira, março 12, 2013

Numa noite fria de silencio


Em que a solidão me tomou

Esperei sempre o teu gesto

Mas o teu gesto não chegou

E o tempo lá foi passando

E nada nas noites mudou

E a solidão do meu mundo

Em silencio se quedou.



E quando um dia chegaste

E disseste “ estou aqui”

O silencio dos meus olhos

Respondeu “ eu estou ali”



E tudo pareceu estar normal

Já nada disso importava

O teu chegar era hábito

Não chegar de quem amava

E a espaços e em silencio

Passamos a ser quem usava

O outro para nosso prazer

Em nada mais ele estava.



Manuel F. C. Almeida.

quinta-feira, março 07, 2013



Nas vagas que cavalgam o mar

Vive toda a eternidade

Espuma branca, nosso lar

Sonho acordado, saudade

Da comunhão do olhar

Nas ondas da liberdade.


E quando a morte chegar

Eu regresso à unidade.




Manuel F. C. Almeida



sábado, março 02, 2013

















Desço pelo teu


Corpo como

Um rio de águas

Agitadas

Á espera que

Se desbravem

Ao toque dos

Meus lábios

De seda e veludo.

Os teus seios

Erguem-se

Ao encontro

Dos céus

E o teu ventre

Agita-se como

Vento,

Como onda

Que se eleva

E se cava

Num remoinho

De prazer



Desço pelo teu

Corpo para

Nele me perder.



Manuel F. C Almeida

terça-feira, fevereiro 26, 2013























Que mais de mim direi
Que fique gravado no vento
Quando de mim nada sei
E perdi o norte no tempo


E entre o mundo que pensei
Ser possível num momento
Resta só o que sonhei
No naufrágio de um lamento.

Mas nunca me irei entregar
A quem quer que me apareça
Antes morrer a lutar
Que viver sem ter cabeça



Manuel F. C. Almeida