Canto ao passar dos dias.
Teimo em
ficar quieto
Sentado
junto à janela
E pensar nas
pessoas
Que passam
junto a ela
A bocejar e
a beber chá
Vindo não se
sabe de onde.
O gato teima
em me fazer
Companhia,
sentado em mim
A olhar
pela janela
E a receber
a minha mão
Ao correr do
corpo.
Só não bebe
chá.
Nesta rua da
cidade
A minha
janela é o meu mundo
Ajeito a
manta nas pernas
E o gato
ajeita-se nela
Somos velhos
companheiros
Sabemos
comunicar com os olhos.
A manhã
foi-se tal como o chá.
O gato
levantou-se para comer.
Encarcerado
no meu velho corpo
Aceito a mão
que me estende a canja
E com o
olhar baço sinto a revolta
De ainda
saber o que quero.
O gato
voltou a sentar-se
Já não me
apetece beber mais chá
Um pombo
pousa na árvore em frente
O gato
agita-se no meu colo
Mas a idade
não nos permite
Sonhar com a
vida.
Manuel
Almeida
Sem comentários:
Enviar um comentário