MEMÓRIA
Agora não sei quem fui ou quem sou
Mas volto sempre à cidade que me fez.
As ruas sucedem-se, anónimas,
Mas toda a cidade do esquecimento
Se mexe.
Formigueiro acéfalo,
Apagou de si todas as memórias
De mim.
Sou então um intruso, um vírus
Que a cidade agride.
Teimo em deambular pelo jardim
De Catarina, mas nem as arvores
Me reconhecem o andar.
Quedo-me só, no velho banco de amigos.
O som perdido de mil conversas
Regressa a mim e a solidão
Esmaga o pensamento. ,
Só, abandono-me ao prazer das memórias,
E deixo-me devorar pela cidade.
Manuel F.C. Almeida
Mas volto sempre à cidade que me fez.
As ruas sucedem-se, anónimas,
Mas toda a cidade do esquecimento
Se mexe.
Formigueiro acéfalo,
Apagou de si todas as memórias
De mim.
Sou então um intruso, um vírus
Que a cidade agride.
Teimo em deambular pelo jardim
De Catarina, mas nem as arvores
Me reconhecem o andar.
Quedo-me só, no velho banco de amigos.
O som perdido de mil conversas
Regressa a mim e a solidão
Esmaga o pensamento. ,
Só, abandono-me ao prazer das memórias,
E deixo-me devorar pela cidade.
Manuel F.C. Almeida
8 comentários:
O que mais me incomoda, é olhar em volta e sentir-me estranho. Todos os rostos que passam não me dizem nada. É como se nunca ali tivesse estado. Por vezes lá aparece um rosto que me faz lembrar alguém, como se fosse o avô de algum amigo que não vejo há muito.
O lapso de tempo, entre o antes e o agora, constitui um hiato que a memória não consegue preencher.
Sarava!
É bom sabermos as nossas raízes... mas nem sempre é compensador:)
beijos
A memória tem uma deficiência fundamental: só nos traz fragmentos. Quando são bons, ficamos felizes, quando são ruins, ficamos tristes. Fique feliz por se haver lembrado da sua cidade natal. Eu pouco me lembro da minha, era muito pequena quando de lá saí, por isso não tenho recordações. Passei a minha infância pulando e cidade em cidade, pois o meu pai era comunistas e tínhamos que fugir sempre. Houve uma cidade que posso considerar a minha cidade natal: passei 5 anos lá antes de vir para a metrópole. Dessa cidade me lembro muito bem, dos episódios no grupo, das querelas, e tudo que desvaneceu quando vim para a cidade que não pode parar. Aqui sofri muito para me adaptar, mas me adaptei e jamais saí. Também é minha terra natal.
Não seja nostálgico, isso traz dor. Seja saudoso, isso traz felicidade.
Um beijo,
Rê
"Agora não sei quem fui ou quem sou
Mas volto sempre à cidade que me fez."
Também eu fiz o regresso às origens e tudo está diferente.
Onde estão os meus amigos? Não os encontrei...
Música adequada.
Sagher, passa no meu Blog mais tarde. Será muito bem recebido.
Um beijo,
Rê
Eu já voltei no tempo...Mas tal como vc me senti uma intrusa...Observei os cantos antes encantados,mas como num sonho aonde eu era só uma mais uma passante anônima.
Beijinho e bom dia
Sagher:
Fiz nova postagem e a dediquei a você e ao poeta Mauro Rocha, pelo fato de os dois serem poetas.
Beijinhos,
Rê
Devorar pela cidade? Não foi um mau fim. Cá na minha opinião.
:)
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