domingo, abril 08, 2007


- Se desejares podes dormir no meu quarto. O Joaquim gostava de dormir só. Tenho duas camas. Uma é tua. – disse. O cansaço, o vinho, as emoções e as violentes contradições ditaram o resto. Com um pijama emprestado deitei-me no seu quarto. Ao pé dela estava sempre bem. É tão difícil fazer amigos verdadeiros e tão fácil perde-los. Basta um momento mal interpretado.
Sabes, costumo ranger os dentes – disse-lhe meio a brincar
- Tu nem dentes já tens meu querido – retorquiu sempre a rir – nem sei como te derreteste pela nossa anfitriã – terminou. Notei na voz o desejo de me provocar. Ela seria sempre assim.
- Que aconteceu ao Joaquim? – Perguntei.
- Acabou, foi-se, é assim desde sempre, não sei porquê. Não me perguntes, mas acabo sempre por me entediar. Depois ele queria ter filhos. E eu não me vejo no papel de mãe – Terminou.
Eu já a ouvia bem longe, mergulhado novamente em mim. Já tinha esquecido o Rodrigo. Já tinha esquecido a Fátima. Em mim só viviam a Elouise e a Isabel e um fantasma. E até elas estavam num limbo. Finalmente o cansaço venceu-me e adormeci.

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