sexta-feira, setembro 11, 2015























Era nossa a noite, a janela abriu-se
E o silêncio instalou-se no olhar
Tacteámos o mundo, cegos
Pela loucura do sangue
E mergulhámos a alma na escuridão
Das estrelas
Os dedos encontraram-se, algures, entre
O espaço dos corpos ansiosos, numa calmaria
Tão límpida como as folhas soltas de um poema
E nem a lua ou o odor dos corpos preencheu
O éter entre o desejo e o pudor
Unos, como arvore e casca
Soltámos a vontade
E vogámos num oceano de luxúria.


Manuel F. C. Almeida

sexta-feira, setembro 04, 2015















Sonho da terra, de carne madura
Teu olhar que encerra a noite mais escura
Nos lábios de rosa que teima em brilhar
Eu deixo os meus beijos para os pintar
E pintamos nos corpos desenhos sem nome
Saciamos na pele a espera da fome



Manuel F. C. Almeida















sábado, agosto 22, 2015

´
















Se os meus olhos não se abrissem
Estaria adormecido a viver nos sonhos
O que as estrelas nos permitem
Procurar… 
Um pouco de paz
E a simplicidade que só
O universo nos traz


Manuel F. C. Almeida

sábado, agosto 08, 2015


















À MINHA CIDADE

Enlutados pela saudade
Os meus olhos ganham cores
Quando na minha cidade
Sinto o perfume de mil flores

E em transe vou percorrendo
As ruas que ecoam um passado
Dos tempos em que correndo
Eu era versos de um fado

E só eu sei que os versos cantam
Ser essa a minha casa, o meu lugar
É nela que meus olhos se encantam
A ela morto ou vivo hei-de voltar.


Manuel F. C. Almeida.

domingo, agosto 02, 2015





















Ficaram comigo,
Os sons
Dos corpos que
Em surdina
Caminharam pelo meu,
E se realizaram no acontecer,
Em mil movimentos de maré,
No universo dos sentidos,
Na ilusão do prazer.
Ficaram e sempre estarão
Como um apelo do tempo
E da memória;
Na penumbra dos dias
Passados, no canto alegre
Das cigarras, no calor do estio
Corporal em glória
E sempre que o tempo acorda
Este desejo de fuga constante
Os olhos abrem-se ao mundo
E fazem do presente um instante.

Vivo então cada momento
Com redobrada emoção
E em cada momento que vivo
Coloco toda a minha paixão.


Manuel F. C. Almeida

sábado, julho 25, 2015
























Passam por mim
As águas de um rio
Verdejante e incansável
Um rio que tudo vence
Até o vento que sopra
Em sentido contrario.

Que eu seja gota de orvalho
No teu caminho


Manuel F. C. Almeida

segunda-feira, julho 13, 2015





















Costumo falar
De poemas criados
Nos corpos em suor
E no olhar ávido
Dos amantes,
Quando desenham
O riso e a loucura
No cântico
Dos sonhos saciados
Na imensidão do tempo.
É disso que costumo
Falar.



Manuel F. C. Almeida

quarta-feira, julho 01, 2015
























Vivo no teu corpo
Os dias da existência
E o florir das acácias

Celebro os seios
Numa avidez
Infernal

E no ventre que se
Oferece ansioso
Resolvo o enigma
Do bem e do mal

Onde o meu corpo
Se dissolve
Na fragância das
Acácias


Manuel F. C.  Almeida

domingo, junho 21, 2015

















Tenho na boca o sabor a um poema.
Um poema diferente dos que
Costumo escrever
Um poema sem outro,
Sem lábios ou seios,
Sem coxas,
Ou ventres de perfume,
Sem tempo e sem sonho
Sem chama e sem vento
Um poema sem plantas
Ou flores de muitas cores
Um poema sem tristezas
Ou alegrias,
Um poema sem moral,
Um poema sem amor,
Um poema sem noite,
Um poema sem dia…
 Um poema sem poesia


Manuel F. C. Almeida

sábado, junho 13, 2015
























Os dedos que me incendeiam
Os sentidos
Vivem nas tuas mãos

Que o fogo não morra
No tédio dos dias
Que se eternizam

Que o silencio não instale
A repetição dos
Hábitos

E que os teus dedos
Não deixem de trazer
A magia que os corpos
Celebram


Manuel F. C. Almeida

quarta-feira, junho 03, 2015






















Vi-a crescer nos meus olhos.
Só nos meus olhos
Criou raízes.
E cresceu também dentro de mim,
Com folhas e flores e frutos
De varias matizes.
Verdes, violetas e sombras.
Assim floriu no pensamento
Do nascer ao por do sol
E na noite do corpo
Fez-se mulher

E nos seus ramos
Me embalei.


Manuel F. C. Almeida

sábado, maio 23, 2015


















Gente estranha
Mundo meu
Um sentimento
Roeu
A confiança
No teu
Agora só resta
O momento
Em que
Tudo  no mundo
Morreu.

Manuel F. C. Almeida

sábado, maio 09, 2015

















Estou preso dentro de mim
De um mundo de encruzilhadas
Duvidas que não têm fim
Perguntas com muitas estradas.
Duvido que existam respostas
Nos caminhos a escolher.
Carreiros em frente e nas costas
Eu ali sem me mover.
Espero em vão um sinal
Que me ajude a decidir
De como escolher afinal
Qual o caminho a seguir
De algo tenho a certeza
Não há caminhos sem dor
Em todos encontrarei pedras,
Angustias e campos em flor.


Manuel F. C. Almeida

sexta-feira, maio 01, 2015























Eu conto
Da vida uma promessa
Nos limites sombreados
Da claridade que me cega
E me encontra assim…despido
Como árvores no Outono.

E cego fico, porque não vejo
Mais que o querem que veja
Neste emaranhado de túneis
Putrefactos
Em que mergulharam a vida.

E deixo que as horas se percam
Nos dias que acontecem
Iguais
No silêncio do desespero
Amordaçado, num ímpeto
Que não se ergue nem se altera
Antes se queda derrotado
Com o olhar vazio de esperança.


Manuel F. C. Almeida

terça-feira, abril 14, 2015



















Porquê a existência?
Porquê as lutas e o amor
Porquê o ser que se não é
Ou o sonho que nos amansa

Porquê o medo da vida?


Manuel F. C. Almeida

sábado, abril 04, 2015






















Ficou preso na madrugada
O cheiro a estevas e loendros.
O poema morre, perdido que foi
No nevoeiro.
O silêncio retoma a existência
Junto à margem de um rio.
A paixão morreu no horizonte
Das águas
E renasceu no poema
Quando o sol rompeu
a bruma das tuas memórias.


Manuel F. C. almeida


sábado, março 28, 2015
















Toda a memória
Se explica
Pelo princípio
Dos tempos!
“ Nos braços da minha mãe”
E tudo o mais é
A soma
Até ao dia em que
A memória se renova
E o teu filho repousar
Nos teus braços.


 Manuel F. C. Almeida

sábado, março 21, 2015






















E sinto nos dias o vazio das carícias
Que nunca aprendeste a dar
O estar só numa vivência mascarada
De sombras a dois.
A sinfonia ausente numa leitura
Perdida no tempo e no olhar

Não me peçam pois sonhos de eternidade
Que os meus dias se arrastam entre
A ignorada presença de quem existe
Até ao momento em que teu olhar se
Volte a encantar numa outra coluna
De mármore que ornamente o teu palácio.

Manuel F. C. Almeida

quinta-feira, março 05, 2015





















Sonhei-te como diamante
De brilho e faces perfeitas
Em minhas mãos despidas

Sonhei-te como mundo, sem tempo
Nem cores. Sonhei-te a preto e branco
Tudo ou nada

E assim te fiz parte de sonho
Que se perdia nas brumas do meu olhar
E se construía como um amor indestrutível

Sonhei-te numa existência possível.


Manuel F. C. Almeida

sexta-feira, fevereiro 27, 2015






















Nas minhas mãos brilham
As cores da solidão.
Caminhando encontro enfim
A morte a cada passo
E quando os ventos
Me arrancam deste abraço
Soam em mim sinfonias
Sem destino.
E se caminho só
Sobre a campa de mil sábios
É na procura incessante
Do néctar dos teus lábios.


Manuel F. C. Almeida