domingo, setembro 22, 2013














Nada pior que estar em espera


Por alguém que nunca vem,

É um ficar que desespera

Um adiar do horizonte,

De quem num amor se detém.


Manuel F. C. Almeida

domingo, setembro 15, 2013




Sentir os tempo ocos

O prenhe dos campos

E adormecer na manhã fria


As mãos e as palavras

Quatro pontos cardeais

Quatro cardeais perdidos

A esperança que se não tem

Nem nos campos mais floridos


Olho as plantas que despidas

Não têm moral ou pudor

É assim que são sentidas

Num sentimento sem dor

E nuas se dão vestidas


Os lábios roubaram-lhe a cor


Num qualquer corpo que se perde,

Um desejo multicor

E o querer que se reprime

Descobre um dia por fim

A liberdade em valor


Manuel F. C. Almeida

domingo, setembro 08, 2013

Que terei de tirar mais de mim

Para indicar que nada sei

Se as duvidas nunca terminam

Que será de mim, que farei?



Olho em frente e o que vejo

São tantas gentes diferentes

A apontar-me horizontes

De futuros e de presentes

Sempre inflamados pelas certezas

Dos seus infalíveis caminhos

E eu na duvida que me consome

Lá vou dando os meus passinhos

Porque o sol não vai morrer

Nos anos de vida que espero

Deixai-me ser como sou

Pensar aquilo que quero

Lutar se for tempo de agir

Amar se for tempo de amar

Mas não me apontem caminhos

Não me queiram doutrinar.



Porque aceitar como certo

Qualquer que seja a razão

É transformar o pensar

Em simples religião.



Manuel Almeida



segunda-feira, setembro 02, 2013

















A insondável criação
Das flores
Elimina o género
As letras criadas
No acontecer dos corpos
No avanço da luxúria
Queda-se
Na memória do tempo,
Neste ser quase não ser
Em que o viver se resume
A um breve momento.



Manuel F. C. Almeida

quarta-feira, agosto 28, 2013


Não tenho o eterno

por verdade

Muito menos como certo

o imutável

Nos meus olhos paira

sempre a liberdade

Numa vida que é

mudança inevitável.

Negar esta razão que

se faz vida

É negar o real

de acontecer

É esconder a universalidade

sentida

A mola mestra do

que é viver.


Mudar é algo sempre

presente

Em todo o universo

temporal

E só quem da vida

está ausente

Constrói cadeias

de moral.

Então se nada na vida

é eterno

Se tudo na vida

é mudança

Saibamos manter o

olhar terno

E abraçar o mundo

com esperança.



Manuel F. C. Almeida



sábado, agosto 24, 2013

















Criamos a coisa no sentido figurado
Das palavras.
Dentro dela a luz da sua essência
Fica livre.
Na leitura desenhamos os seus
Contornos.
Damos-lhe a forma de um conceito
Universal

E no palato toma novo gosto à medida
Do acontecer

Até a morte tem sabor.


Manuel F. c. Almeida

sexta-feira, agosto 16, 2013


E os olhos


Que não vejo

E as mãos

Que não conheço

Rasgam-me

O silencio

Pausado na mente.

Num grito

Que enlouquece

O ser que em mim

Está em constante

Em agitação

Nas aguas

E em permanente

Descoberta

De novos trilhos.



Manuel Almeida

domingo, agosto 11, 2013



















Tudo o que se assemelha
A um sinal de vida
É a descoberta das
Amarras guardadas
Num baú
Algures no mundo
Num local secreto onde
Pulsam os temores e os amores
E onde o sangue teima em pulsar
Num erotismo da pele
Com sabor a oceano.

A brisa é fresca e
Os muros erguidos são paredes
De velhas casas.
Paredes grossas onde a musica
Se faz ouvir suspensa da memória
De quem abraçaram.
Das trombetas de Jericó
Às liras de Roma
A toda a música se dão corpos.
Amantes esquecidos dos vivos;
Amantes da história

Sem medo abri a porta e tomei
O tempo
Sem medo fiquei só
Aos pés do mundo e da memória
Eterna dos amantes


Manuel F. C. Almeida

terça-feira, agosto 06, 2013
















Visitas guiadas ao teu corpo
A sedução nos lábios e no olhar
O mergulho cego no teu ventre
O desejo louco de te amar
O grito da loucura
Quando me tomas
O corpo no corpo
E os instintos
A gritar
São marés
No caminhar.

Manuel F. C. Almeida

sábado, agosto 03, 2013

















Cabisbaixo


Derrotado

De casaco esfarrapado

Deixaste roubar o futuro?



Vai á luta!

Não te entregues

Á lamurias tristes do fado

Nem ao canto dos corais

Religiosos



Tens nas mãos um

Velo de ouro

E nas veias um tesouro

És humano!

Age como tal



Levanta a cabeça

E luta

Constrói tu um mundo

Melhor, não esperes

Por heróis ou que

Outros façam

O que tens de ser tu a fazer



Manuel F. C. Almeida

terça-feira, julho 30, 2013

passo a passo














Segredos que caem
Como gotas de chuva
Num imenso lago
Que se espraia.
 Paisagem

Marcas que ficam
Gravadas na pele
Tatuagens que vincam
As dobras da alma.
Mensagem

E uma sinfonia
Teima em tocar
É a alegria
A germinar
Uma flor de liberdade


Manuel Almeida

quinta-feira, julho 25, 2013





















Acordei a amaldiçoar o mundo.
A corrida, todos os dias
A mesma merda de corrida.
O sorriso de boneco sempre em pé
E os ares das gentes que se sonham
Importantes.
-Bom dia
-Bom dia- e lá tem de sair outro sorriso.
Dinheiro, caixa, cheques e outras merdas
- E a saúde Sr. Manuel?
- Cá se vai andando….
Nunca me apetece falar de manhã.
Debito ódio pelos olhos
Sonho com o dia em que nada farei
E as gentes com ares da sua patética
Importância, desfilam à minha frente
Num corrupio imparável de figurinhas
De cera local.
Começou já o folclore eleitoral
Daqui e dali surgem candidatos
A oferecer-me o seu sorriso de merda
Convencidos que me convencem de algo
Atiro-lhes com o que penso
O sorriso desmaia e sem argumentos
Olham para mim com ódio contido
Há sempre umas gajas com belos cus
E tetas tesas. Tanto melhor.
Vejo-os partirem, ufanos das suas certezas
E da sua vontade em montar o dinheiro
Das gentes.
Esta merda só tem valor pelas gajas de
Bons cus e tesas tetas
O resto é um bando de hipócritas.
Vigaristas prontos a sugarem-me o sangue.
Mais à frente, vejo o candidato com uma criança
Ao colo. Sorriem todos até ao momento em que
Puto vomita o fato do candidato
Desvanecem-se os sorrisos.
Fico e vê-los na venda da banha da cobra
Nem sei quem são ou o que pensam
Também não sabem, ou não pensam
Ou o que pensam é na vaidade pessoal
No gosto por estarem rodeados de um séquito
Acéfalo que espera comer umas migalhas
Da mesa do rei.
No carrinho ou no lugar de bobo do Sr. Presidente.
São todos tão importantes
Que até pensam nunca morrer, nunca ir para o esgoto
Da sua vida miserável que procuram mascarar
Com uma suposta missão altruísta.
Malditos sonhos
O que me safa é não me recordar
Deles.



Manuel Almeida.

quarta-feira, julho 24, 2013






















E se o ventre te tomo
Numa orgia sem fim
Alimento-te o gozo
Num sonho de mim.

Manuel F. C. Almeida

sábado, julho 20, 2013

Silêncios





















E um dia já nem a nossa
Sombra se erguerá
E em seu lugar restará apenas
O vazio e a angústia da ausência
No outro.
Os amores eternos irão terminar
(os amores nunca são eternos)
Seremos apenas memória
Doce ou acre                      
Mas unicamente memória
Silenciosa.



Manuel F. C. Almeida

segunda-feira, julho 15, 2013





















Onde a lua se incendeie,


Ao encontro da pele

E do teu rosto.

Farei uma estátua de

De terra e sal,

E do teu corpo

Um areal de volúpia.



Manuel F. C. Almeida

sábado, julho 06, 2013

Sombras





















Perdi o teu corpo
Algures entre o sonho
E o tempo
Ficou o silêncio
E o caminho desenhado nas trevas
Ficou a memória do teu cheiro
E o sabor do teu corpo
Numa caixa vazia
De nós.

Manuel F. C. Almeida

quarta-feira, julho 03, 2013

RASCUNHOS





















Nada mais tenho que o teu


Sorriso de escárnio

E a mão cheia de nada

No palco da minha vida



A peça está quase a acabar.



Manuel F. C. Almeida

sexta-feira, junho 28, 2013



Ergo-me nas montanhas


Do néon citadino

Num exercício de

Curiosidade latente


E


Agarro a angustia de existir

Na certeza de que

Nada acontece

Para lá da morte.



Manuel almeida

quinta-feira, junho 20, 2013
















Lanço-me à terra, ao vento, ao mundo


Agarro o tempo com as mãos

E é com ele que fecundo

Os sonhos e pesadelos,

Nos dias de solidão.



Manuel F. C. Almeida

sábado, junho 15, 2013
















Conheces o frio? Aquele frio que se instala na alma


E se propaga como a luz, alagando tudo o que és?

Conheces por acaso a noite, aquele lugar onde os braços

Da escuridão te afagam os sentidos e te despem?

Conheces o som do silêncio? Aquele silêncio que

Se instala no olhar e só se resgata quando o som

Das marés te devolve à vida?

Conheces, eu sei que conheces tudo isto.

Por isso as pessoas te dão vómitos, por isso

Preferes ser como és a invés de seres como

Esperavam que fosses. Por isso nem te amam

Nem te odeiam, simplesmente te ignoram

E se julgam superiores.

Tu, tu não julgas nada e sentas-te diante do

Mar na esperança que uma onda se faça ouvir

Acima do silêncio dos sentidos.



Manuel F. C. Almeida