terça-feira, agosto 06, 2013
















Visitas guiadas ao teu corpo
A sedução nos lábios e no olhar
O mergulho cego no teu ventre
O desejo louco de te amar
O grito da loucura
Quando me tomas
O corpo no corpo
E os instintos
A gritar
São marés
No caminhar.

Manuel F. C. Almeida

sábado, agosto 03, 2013

















Cabisbaixo


Derrotado

De casaco esfarrapado

Deixaste roubar o futuro?



Vai á luta!

Não te entregues

Á lamurias tristes do fado

Nem ao canto dos corais

Religiosos



Tens nas mãos um

Velo de ouro

E nas veias um tesouro

És humano!

Age como tal



Levanta a cabeça

E luta

Constrói tu um mundo

Melhor, não esperes

Por heróis ou que

Outros façam

O que tens de ser tu a fazer



Manuel F. C. Almeida

terça-feira, julho 30, 2013

passo a passo














Segredos que caem
Como gotas de chuva
Num imenso lago
Que se espraia.
 Paisagem

Marcas que ficam
Gravadas na pele
Tatuagens que vincam
As dobras da alma.
Mensagem

E uma sinfonia
Teima em tocar
É a alegria
A germinar
Uma flor de liberdade


Manuel Almeida

quinta-feira, julho 25, 2013





















Acordei a amaldiçoar o mundo.
A corrida, todos os dias
A mesma merda de corrida.
O sorriso de boneco sempre em pé
E os ares das gentes que se sonham
Importantes.
-Bom dia
-Bom dia- e lá tem de sair outro sorriso.
Dinheiro, caixa, cheques e outras merdas
- E a saúde Sr. Manuel?
- Cá se vai andando….
Nunca me apetece falar de manhã.
Debito ódio pelos olhos
Sonho com o dia em que nada farei
E as gentes com ares da sua patética
Importância, desfilam à minha frente
Num corrupio imparável de figurinhas
De cera local.
Começou já o folclore eleitoral
Daqui e dali surgem candidatos
A oferecer-me o seu sorriso de merda
Convencidos que me convencem de algo
Atiro-lhes com o que penso
O sorriso desmaia e sem argumentos
Olham para mim com ódio contido
Há sempre umas gajas com belos cus
E tetas tesas. Tanto melhor.
Vejo-os partirem, ufanos das suas certezas
E da sua vontade em montar o dinheiro
Das gentes.
Esta merda só tem valor pelas gajas de
Bons cus e tesas tetas
O resto é um bando de hipócritas.
Vigaristas prontos a sugarem-me o sangue.
Mais à frente, vejo o candidato com uma criança
Ao colo. Sorriem todos até ao momento em que
Puto vomita o fato do candidato
Desvanecem-se os sorrisos.
Fico e vê-los na venda da banha da cobra
Nem sei quem são ou o que pensam
Também não sabem, ou não pensam
Ou o que pensam é na vaidade pessoal
No gosto por estarem rodeados de um séquito
Acéfalo que espera comer umas migalhas
Da mesa do rei.
No carrinho ou no lugar de bobo do Sr. Presidente.
São todos tão importantes
Que até pensam nunca morrer, nunca ir para o esgoto
Da sua vida miserável que procuram mascarar
Com uma suposta missão altruísta.
Malditos sonhos
O que me safa é não me recordar
Deles.



Manuel Almeida.

quarta-feira, julho 24, 2013






















E se o ventre te tomo
Numa orgia sem fim
Alimento-te o gozo
Num sonho de mim.

Manuel F. C. Almeida

sábado, julho 20, 2013

Silêncios





















E um dia já nem a nossa
Sombra se erguerá
E em seu lugar restará apenas
O vazio e a angústia da ausência
No outro.
Os amores eternos irão terminar
(os amores nunca são eternos)
Seremos apenas memória
Doce ou acre                      
Mas unicamente memória
Silenciosa.



Manuel F. C. Almeida

segunda-feira, julho 15, 2013





















Onde a lua se incendeie,


Ao encontro da pele

E do teu rosto.

Farei uma estátua de

De terra e sal,

E do teu corpo

Um areal de volúpia.



Manuel F. C. Almeida

sábado, julho 06, 2013

Sombras





















Perdi o teu corpo
Algures entre o sonho
E o tempo
Ficou o silêncio
E o caminho desenhado nas trevas
Ficou a memória do teu cheiro
E o sabor do teu corpo
Numa caixa vazia
De nós.

Manuel F. C. Almeida

quarta-feira, julho 03, 2013

RASCUNHOS





















Nada mais tenho que o teu


Sorriso de escárnio

E a mão cheia de nada

No palco da minha vida



A peça está quase a acabar.



Manuel F. C. Almeida

sexta-feira, junho 28, 2013



Ergo-me nas montanhas


Do néon citadino

Num exercício de

Curiosidade latente


E


Agarro a angustia de existir

Na certeza de que

Nada acontece

Para lá da morte.



Manuel almeida

quinta-feira, junho 20, 2013
















Lanço-me à terra, ao vento, ao mundo


Agarro o tempo com as mãos

E é com ele que fecundo

Os sonhos e pesadelos,

Nos dias de solidão.



Manuel F. C. Almeida

sábado, junho 15, 2013
















Conheces o frio? Aquele frio que se instala na alma


E se propaga como a luz, alagando tudo o que és?

Conheces por acaso a noite, aquele lugar onde os braços

Da escuridão te afagam os sentidos e te despem?

Conheces o som do silêncio? Aquele silêncio que

Se instala no olhar e só se resgata quando o som

Das marés te devolve à vida?

Conheces, eu sei que conheces tudo isto.

Por isso as pessoas te dão vómitos, por isso

Preferes ser como és a invés de seres como

Esperavam que fosses. Por isso nem te amam

Nem te odeiam, simplesmente te ignoram

E se julgam superiores.

Tu, tu não julgas nada e sentas-te diante do

Mar na esperança que uma onda se faça ouvir

Acima do silêncio dos sentidos.



Manuel F. C. Almeida

quinta-feira, junho 06, 2013





















Para te ter dobrei o sonho
E descobri novos mundos
Em mim

Para te ter escavei o tempo
E encontrei tesouros
Em ti

Para te ter construí castelos
De sólidas muralhas
Em nós

E quando um dia a história
Se contar
E o tempo desgastar as pedras
Do nosso universo

Ficaremos sós
Ficaremos só nós
E o canto do outro
Na nossa voz...

Sempre.



Manuel F. C. Almeida

terça-feira, maio 28, 2013























Trespassados os sonhos
Do crescimento
Ausentes dos dias
E do presente
Damos o corpo ao mundo
Sem consciência
Que o branco da alma
Se perdeu
Nas madrugadas incertas
Da existência.


Manuel F. C. Almeida

quinta-feira, maio 23, 2013





















Paredes brancas, casas vazias
Onde o vento se perde e se demora.
Sussurros do tempo, dias nos dias.
Nada é real é tudo ilusório
E só a madrugada nos desnuda
Na procura dos corpos, no delírio
Na luxúria dos lábios e dos ventres
Paredes brancas, casas vazias
Vidas pretensamente presentes.


Manuel F. C. Almeida

domingo, maio 19, 2013















Em ti nada se perde


Nem o sonho, nem a ternura

Nem o desejo de quem

Ao ouvido te murmura

Um amor intemporal.



Em ti nada se encontra

Que não seja esse vazio

Dos dias intermináveis

E das horas sempre estáveis

Das tardes bucólicas de estio.



Manuel F. C. Almeida

domingo, maio 12, 2013





















Nos mistérios do saber,
Escondidos em campos
Que ao por do sol
Se desnudam
Estão os seios e as coxas
Que ávidos de vida
Se oferecem ao sonho
Da luxuria.
Visitamos o mundo
E é a morte que se
Oferece em mil
Máscaras de vida.
E voltamos sempre
Aos campos de prazer
Dos corpos adiados
Que connosco
Se cruzam.
Toda a vida é uma
Encenação
Entre o desejo
De liberdade
E o nada
Tudo não passa
De uma coincidência
Sem sentido.


Manuel F. C. Almeida.

terça-feira, maio 07, 2013





















Se navego num mar de duvidas
Se resisto ao canto das sereias
É porque fui tendo várias vidas
Todas bem preenchidas, cheias.

Se me perco num golpe de vento
E as minhas asas se abrem em leque
É porque fui resistindo no tempo
A quem me quis ter como cheque

Por isso quando me olharem de perto
Procurem ver quem eu sou
Porque eu não sou um projecto

Desenhado à medida de alguém
Serei sempre eu. E aqui estou
Livre. Não sou peça de ninguém.

Manuel F. C. Almeida

sexta-feira, maio 03, 2013

















A vida passa num cósmico minuto
E rapidamente devolvemos a matéria
Que pedimos emprestada.
E nesse minuto de vida... o tudo é nada.
Arrastamos os átomos numa voragem
De loucos que vivem na ilusão
De uma importância qualquer;
E na ideia de ser mais que um outro ser.
E tudo acaba finalmente no dissolver
Da existência, no regresso ao universo
Às coisas simples da natureza
E ao principio de tudo. A beleza de
Ser apenas parte do um todo universal.
Agora, enquanto estás vivo, vive!
Sendo livre e imortal
Não há fora de ti
valor de bem ou de mal.

Manuel Almeida

domingo, abril 28, 2013





















Recusa sempre o que parece óbvio

Que a verdade está sempre escondida

Dos olhos que tudo e nada desnudam



Recusa sempre o que senso te dita

Porque o seu conselho é como ópio

Que te adocica os sonhos e te adormece

A curiosidade.



Recusa sempre um amor resolvido

Um amor adormecido pela voragem

Temporal da paixão perdida e domesticada.



Recusa a morte antecipada e anunciada

Pela ditadura da hipócrita existência social



E nunca aceites como certa a moral

Imposta, a moral do medo, a moral imoral.



Manuel F. C. Almeida