Tudo se passou num corredor sem fim
De um lado vidros, do outro
Imagens passadas.
De um lado o tempo presente
Do outro o tempo passado.
Ao fundo duas portas
Meio abertas
Ou meio fechadas.
E nós caminhávamos
Lado a lado
Com o olhar preso em frente
E os dedos das mãos entrelaçados
Num anuncio de amor que não
Se explica.
E parámos junto às portas
E olhámos nos olhos do outro
E escolhemos cada um a sua porta
Hesitámos um pouco mais
Tudo o que se seguiria seria
Para sempre
E eu nunca gostei de nada
Para sempre
É sempre tempo demais
E as imagens começaram a perder-se
E pelos vidros vi o temporal lá fora
Beijei-te as mãos
E segui o meu caminho
Para sempre
Sabendo que só a morte é para sempre.
Manuel F. C. Almeida