terça-feira, junho 21, 2016



















Mil fragmentos
Mil momentos
Mil sonhos em pedaços
Mil esgares de palhaços
Em mil espelhos de luz
Numa imagem repetida
Desse corpo que se entrega
À luxúria da refrega
Na intensidade da vida

Manuel F. C. Almeida

segunda-feira, junho 13, 2016


















Bebo a vida no olhar
A vida que acontece
Sem parar
Num corpo que já esmorece
Numa alma sem brilhar.

Bebo a vida com as mãos
Moldo-a como se terra fosse
Num instante melancólico
De silencio interior,
De saudade e lágrimas
De cristal incolor.

Bebo a vida no desejo
De encontrar o que perdi
A alegria de ver
Naquela criança que ri
O olhar de quem
Espantado
Se cruza comigo
E sorri.

Bebo a vida com o corpo
Que abraço todos os dias
Como se fossem estrelas
Que se deixam agarrar
Nos olhos de quem acredita
Que estar vivo
É Mudar.

Manuel Almeida

terça-feira, junho 07, 2016
















Para o meu epitáfio:

Foi apenas
Um Homem simples
Entre Homens
Que procurou sem
Moralidade
Amar acima de tudo
A vida e a
Liberdade.


Manuel F. C. Almeida

terça-feira, maio 31, 2016

















Rasgo a carne e o desejo
Em poemas a nascer
E sinto que a vida se renova
Em cada verso a escrever
Nos cantos saídos da alma
Na volúpia de te ter
Nas agruras desta vida
Em que o sonhar é querer
Sentir o desejo dos corpos
No tumulto de viver.


Manuel F. C. Almeida

quarta-feira, maio 18, 2016




















O tempo vive no vento
Que todos os dias me embala
Um vento que nunca se acalma
Um vento que nunca se cala
Um vento que libertou
Os meus sonhos
E se fez livre no tempo
Que cavalgou tempestades
E que se recusa morrer
No tédio de todas as tardes
Em que me julgo viver

Manuel F. C. Almeida

sábado, maio 07, 2016





















Só de amor e corpos me
Alimento
A vida impele-me para
Os braços que me afagam
E me tomam no sonho
Eterno da existência
Mas a mesma vida
Desafia o tempo
E abre caminhos
Por entre florestas
De corpos e faces.
E no prado junto
Às florestas
Eu sinto ser eu
E anseio pelo
Caminho a desbravar.

Caminho sem medo
Sem culpa e sem máscara
Para abraçar a floresta.



Manuel F. C. Almeida

sábado, abril 23, 2016
















Foram os teus dedos
Que acordaram
O silencio em
Que o corpo dormia
E do sonho,
Em delírio,
Celebrámos os corpos
E esculpimos
O paraíso.


Manuel F. C. Almeida

quinta-feira, abril 14, 2016





















Iluminada é a face
Que dança ao som da chuva
E se solta aos olhares alheios
Sem que perfume de estranhos
A incomode
Iluminado é o corpo que salta
Ao toque dos dedos
E se encontra em si na nudez,
Livre de amarras e de âncoras
Morais.
Iluminada é a vida que recusa
Ser uma cópia diária da obrigação
Social e do bem parecer
Coletivo
Iluminada é simplicidade
De quem faz do viver
Um canto à terra, ao sol, ao ar
Sem que se sinta culpado de
Existir ou de ter a coragem de “ser”



Manuel F. C. Almeida

domingo, abril 03, 2016
















Naquela noite ouvi o meu peito a abrir
E provei as lágrimas derramadas
Foi num Outubro qualquer
Em que os dias cinzentos se tingiram
De negro, como a cor dos teus cabelos
E as portas se fecharam com medo
Da tormenta.
Quieto na minha loucura, escrevi
Poemas de desespero, poemas perdidos
No tempo.

E adormeci nos braços da solidão
Embalado pelas canções de Cohen e Ferré
E protegido pelo riso redentor da memória
E da vida.


Manuel F. C. Almeida

quinta-feira, março 24, 2016






















Já o canto do teu corpo me adormece
E o sabor dos teus beijos está ausente
Tudo o que é vivo um dia falece
E da renovação da vida se faz o presente

Já dos versos do olhar eu me esqueci
E o cheiro do teu ventre é só memória
E se o resumo da vida foi escrito em ti
É agora apenas uma página de história

Por isso luto pelo acordar da vida
Que em mim pulsa como um coração
E leio os dias e noites como partida
Para algo novo, vivo, com tesão
Porque a terra mágica prometida
Se não cuidada e alimentada é ilusão.


Manuel F. C. Almeida

terça-feira, março 15, 2016


















Não deixes que a morte
Se agarre a ti
Vive e combate,
Ama e seduz.
Recusa tudo o que te
Inculcam como verdade
Tu és único
Não te deixes ficar
Pelo que te deixam ver
Há sempre outra realidade
Escreve o teu poema
Forjado no sangue
Dos que
Como tu
Teimam em não seguir
O carreiro traçado.
Muda, se tiveres de mudar
Canta, se tiveres de cantar
Luta porque tens que lutar
E ama, ama muito
Sem culpas
E sem a moral secular
Dos que tentam
Vergar
A liberdade

Manuel F. C. Almeida.