terça-feira, junho 07, 2016
















Para o meu epitáfio:

Foi apenas
Um Homem simples
Entre Homens
Que procurou sem
Moralidade
Amar acima de tudo
A vida e a
Liberdade.


Manuel F. C. Almeida

terça-feira, maio 31, 2016

















Rasgo a carne e o desejo
Em poemas a nascer
E sinto que a vida se renova
Em cada verso a escrever
Nos cantos saídos da alma
Na volúpia de te ter
Nas agruras desta vida
Em que o sonhar é querer
Sentir o desejo dos corpos
No tumulto de viver.


Manuel F. C. Almeida

quarta-feira, maio 18, 2016




















O tempo vive no vento
Que todos os dias me embala
Um vento que nunca se acalma
Um vento que nunca se cala
Um vento que libertou
Os meus sonhos
E se fez livre no tempo
Que cavalgou tempestades
E que se recusa morrer
No tédio de todas as tardes
Em que me julgo viver

Manuel F. C. Almeida

sábado, maio 07, 2016





















Só de amor e corpos me
Alimento
A vida impele-me para
Os braços que me afagam
E me tomam no sonho
Eterno da existência
Mas a mesma vida
Desafia o tempo
E abre caminhos
Por entre florestas
De corpos e faces.
E no prado junto
Às florestas
Eu sinto ser eu
E anseio pelo
Caminho a desbravar.

Caminho sem medo
Sem culpa e sem máscara
Para abraçar a floresta.



Manuel F. C. Almeida

sábado, abril 23, 2016
















Foram os teus dedos
Que acordaram
O silencio em
Que o corpo dormia
E do sonho,
Em delírio,
Celebrámos os corpos
E esculpimos
O paraíso.


Manuel F. C. Almeida

quinta-feira, abril 14, 2016





















Iluminada é a face
Que dança ao som da chuva
E se solta aos olhares alheios
Sem que perfume de estranhos
A incomode
Iluminado é o corpo que salta
Ao toque dos dedos
E se encontra em si na nudez,
Livre de amarras e de âncoras
Morais.
Iluminada é a vida que recusa
Ser uma cópia diária da obrigação
Social e do bem parecer
Coletivo
Iluminada é simplicidade
De quem faz do viver
Um canto à terra, ao sol, ao ar
Sem que se sinta culpado de
Existir ou de ter a coragem de “ser”



Manuel F. C. Almeida

domingo, abril 03, 2016
















Naquela noite ouvi o meu peito a abrir
E provei as lágrimas derramadas
Foi num Outubro qualquer
Em que os dias cinzentos se tingiram
De negro, como a cor dos teus cabelos
E as portas se fecharam com medo
Da tormenta.
Quieto na minha loucura, escrevi
Poemas de desespero, poemas perdidos
No tempo.

E adormeci nos braços da solidão
Embalado pelas canções de Cohen e Ferré
E protegido pelo riso redentor da memória
E da vida.


Manuel F. C. Almeida

quinta-feira, março 24, 2016






















Já o canto do teu corpo me adormece
E o sabor dos teus beijos está ausente
Tudo o que é vivo um dia falece
E da renovação da vida se faz o presente

Já dos versos do olhar eu me esqueci
E o cheiro do teu ventre é só memória
E se o resumo da vida foi escrito em ti
É agora apenas uma página de história

Por isso luto pelo acordar da vida
Que em mim pulsa como um coração
E leio os dias e noites como partida
Para algo novo, vivo, com tesão
Porque a terra mágica prometida
Se não cuidada e alimentada é ilusão.


Manuel F. C. Almeida

terça-feira, março 15, 2016


















Não deixes que a morte
Se agarre a ti
Vive e combate,
Ama e seduz.
Recusa tudo o que te
Inculcam como verdade
Tu és único
Não te deixes ficar
Pelo que te deixam ver
Há sempre outra realidade
Escreve o teu poema
Forjado no sangue
Dos que
Como tu
Teimam em não seguir
O carreiro traçado.
Muda, se tiveres de mudar
Canta, se tiveres de cantar
Luta porque tens que lutar
E ama, ama muito
Sem culpas
E sem a moral secular
Dos que tentam
Vergar
A liberdade

Manuel F. C. Almeida.

quinta-feira, março 03, 2016




















Eu vi uma flor a abrir,

Como uma mão que abre

Um abismo

Ou um canto que solta

A noite

E me trás em surdina

A silhueta ténue de um rio

Onde eu bebo e me perco,

Num cálice de fogo…

Num corpo amordaçado

Pela pele,

Num ventre em leque

Onde mergulho

E me reencontro



Manuel F. C. Almeida


























quinta-feira, fevereiro 25, 2016

















Farto-me com rapidez das coisas

Mundanas e dos poetas graciosos

Que fingem amar em palavras

Repetidas, gastas.

Farto-me com rapidez das pessoas

De plástico, dos sorrisos de botox,

Das lágrimas vertidas na alvura

Inocente do papel

A poesia se é vida animada

Então não pode ser só paz e amizade

Sensualidade, ou figuras

Idilicamente desenhadas

Porque se é vida então é tudo

O que vida tem

Dor, corrupção, guerra, ódio

Álcool, mesquinhez, egoísmo

Posse, vingança, morte, loucura

Insanidade

Porque a poesia é apenas e só

Um espelho cru da humanidade



Manuel Almeida

quinta-feira, fevereiro 18, 2016



















Se a noite cair lesta e triste, se o teu leito se encontrar frio, com ausências e omissões

Sai rapidamente desse torpor acomodado onde te escondes do mundo e volta a mergulhar na cidade, abraça as ruas e beija as estátuas do teu caminho.

Estás só se te sentes só, não procures culpa, porque tal não existe, se alguém se ausentou das tuas noites e dias não deixes que a sua sombra se projecte sobre o teu mundo, faz do teu agir um resgatar do teu sentir.



Manuel F. C. Almeida

quinta-feira, fevereiro 11, 2016

















Eu sou a noite e o dia que lamentam
A vida que lhes corre nos olhos
Sou uma rajada vento e uma tarde de acalmia
Que se unem e levantam numa nuvem de pó
Sou o frio e o calor que nos tomam
As carcaças esqueléticas num arrepio
De frio e de febre

Eu sou o que sempre fui e nunca quis ser
Vencido e vitorioso de um mundo de enganos
Sou caminho e precipício numa arriba qualquer
E pacientemente pinto o meu quadro
De fugas e ilusões.

Sou tudo o que quiserem que seja
Mas nunca saberão o que sou.


Manuel F. C. Almeida

quinta-feira, fevereiro 04, 2016





















Eu vi abrir o
Verso desalinhado
De um tempo sem tempo
Num sonho agitado
Pela magia dos corpos
Em pétalas que se soltam
E caem, como a neve nas ruas
Da cidade febril
Da cidade sem rosto
Da cidade adiada.

E só o corpo é existência
Nas estrofes de um
Poema imaginado
Por um poeta louco, maldito
Por um amante adiado no tempo
Sem face e sem alma

O poema é uma construção
Do teu ego 
No qual tu és centro
E o motor de tudo
E quando acaba de ser escrito
Há sempre algo de novo a escrever

O algo é como o amor
Vive dentro de ti e para ti
E só se resolve no momento
Em que se dá ao mundo....
No momento em que és livre.



Manuel F. C. Almeida

terça-feira, janeiro 26, 2016
















E vejo o teu ventre
Como pétalas de um cravo
Onde o orvalho repousa
E o sonho se desfaz
Em mil pedaços de espuma,
Roubada à maré do nosso
Eterno desejo.


Manuel F. C. Almeida

terça-feira, janeiro 19, 2016







ELEGIA












Eu queria fechar as palavras
Numa caixa de incensos e mirra
Entre a noite e a madrugada
Que teima em se despir
Num sorriso de luxúria.

Abro os olhos e nada vejo
Sinto apenas o abandono
De um sonho errado.
Como se fora uma asa de vento
À espera de encontrar um local
Onde pousar.

E vejo sorrisos que o nunca foram
Ouço palavras em que não creio
E no reacender da vida
Olho para trás e parto sem receio
Deixo para trás as palavras
Escritas em livros que já não
Leio


Manuel F. C. Almeida












terça-feira, janeiro 12, 2016















O largo guarda as memórias
Das noites coloridas de luar
E cada pedra guarda a história
Dos beijos dados e por dar
É assim este meu largo
Uma tela sem voz, de mil cores
Um mundo dentro mundo
Uma cornucópia de sabores
E quando as sombras caem
E o silêncio se faz sentir
O largo da minha vida
Vive comigo….a sorrir


Manuel F. C. Almeida

terça-feira, dezembro 29, 2015















Os olhos que me invadem
A pele
Que me tomam como
Abrigo
São os olhos por quem canto
Cantigas de amigo

Habitam o vento e a distância
Silenciosos no beijar
Desnudam-se na pungente
Esperança
De me ter de me tomar

Os olhos de quem ama
Sem falar
De quem, se dá por inteiro
Sem nunca se dar
De quem espera junto ao tempo
O que só o tempo pode dar


Manuel F. C. Almeida




















Na quietude do beijo
O tempo corre,
Os olhos sugam a vida
E os sentidos
Dançam ao som
Dos elementos

Na quietude do beijo
Só o silêncio
Quebra
A viagem ao entardecer.


Manuel F. C. Almeida

terça-feira, dezembro 22, 2015
















Caídos pelos seios
Os teus cabelos lavram
A pele que se me oferece
E os cheiros que me trazem
São os cheiros a maré e vida
Como ondas de espuma límpida
E eternamente renovada

E o teu corpo eleva-se
Na procura do arco-íris
Na alvorada dos dias
Em que juntamos pétalas
E sonhos

E os teus longos cabelos
Desenham no corpo
Um sulco de ternura e luxúria
O campo perfeito para as flores
Que costumamos plantar.


Manuel F. C. Almeida