domingo, outubro 26, 2014





















 O TEMPO

Ontem!
As memórias já impressas.

 Hoje!
A marca insolúvel do presente

Amanhã!
Um sonho feito maré.

Manuel F. C. Almeida

sexta-feira, outubro 17, 2014





















Foi a convite do teu corpo
No doce perfume que germina
Na pérola que escondes nos lábios
Que o meu querer desabou
Como um castelo de pedra
E se reergueu como uma flor
Ao raiar da primavera.


Manuel F. C. Almeida





























sábado, outubro 11, 2014



















Que seja o sol a salvar-me
E que o vento me leve
Como folha morta
E me entregue no
Ramos da vida

E lá no alto
Farei o meu posto
De vigia
No dançar dos sonhos
Entre ramos selvagens.


Manuel F. C. Almeida

quinta-feira, setembro 25, 2014





















Tacteio em ti
O sorriso
No olhar,
Ponte cega
Em que caminho.
No tempo,
Em que o sabor
A sal
Se ofertava
No teu ventre:
Vivo e
Faminto
De mim.


Manuel F. C. Almeida

quinta-feira, setembro 18, 2014






















Debruei o teu corpo com grinaldas
De mil flores e mil odores
Numa intensa transparência de amar
Onde só o eco do olhar nos trazia o outro
E o timbre das melodias dos lábios
Nos dava o nome frágil do desejo.
E o tempo foi construindo o hábito
Mas as nossas mãos continuam
A tecer uma teia equilibrada
De ternura e segredos
Sussurrados ao luar da vida.


Manuel F. C. Almeida

sábado, setembro 06, 2014















Abro o teu corpo
Como se fossem paginas
De um livro em branco
Ou como se desfolha
Um malmequer
Na procura das palavras
Certas
Para te escrever
E aspirar o teu perfume
Abro o teu corpo
Como se ouve uma sinfonia
Ou se aprecia o canto
Das cigarras
Numa noite de estio
Abro o teu corpo
Como se fossem ondas
Num rio de águas revoltas 



Manuel F. C. Almeida

quarta-feira, agosto 27, 2014


















Foste um dia o início de tudo
Ficaste preso a mim com algemas invisíveis
Debruadas a ouro e prata com
Diamantes sempre a brilhar
E fomos crescendo juntos,
E juntos separámos o tempo
Passaste a ter o teu tempo e eu o meu
Nada mais quis ter na vida
Um par de algemas cravadas na pele
Indestrutíveis aos tempos e às intempéries

Inevitavelmente um dia serão cortadas
Mas iremos tê-las sempre presentes.


Manuel F. C. Almeida

sábado, agosto 23, 2014


No meu mundo ilusório
Feito de abandono e de vazio
Só os meus sonhos se projectam
De encontro ao azul dos céus
Na espera incerta de um futuro

Sem tempo.


Manuel F. C. Almeida

sexta-feira, agosto 15, 2014




time to sleep
















Apaguem a luz,
A noite acontece ao rasgar
Da esperança e do silencio
Quando o olhar se petrifica
No leito de um rio de águas
Pintadas.
Apaguem o tempo,
O sol deixará de morrer e
O horizonte será apenas
Uma linha muda
Numa tela a convidar
Ao sonho
Apaguem os conceitos
Chega de palavras vãs
Cheias de intenções
Coloridas e prenhes
De interrogações sobre
Nada
Apaguem tudo,
E deixem que o silencio
Nos abrace.


Manuel F. C. Almeida

domingo, agosto 10, 2014

















Há dentro de mim
Um oceano, um deserto
Uma floresta tropical
Uma dor que nunca se alcança
Uma gesto, uma estatua de sal,
Uma eterna procura de ser
Apenas um sonho
Pronto a morrer

Há dentro de mim
Mil imagens escondidas
Mil faces feitas ruína
Mil ventres despedaçados
Mil fantasmas encantados
Pelo canto de mil almas
Que um dia aprisionei

Há dentro de mim
Mil odores e mil sabores
De quem amei

Manuel F.C. Almeida

domingo, agosto 03, 2014





















O luar é nossa testemunha
Daquela noite em que sem pensar
Voltamos ao ponto suspenso
Do nosso olhar.

O luar é nossa testemunha
De um momento único, ímpar
Em que a força dos instintos
Fez o desejo falar

O luar é nossa testemunha
Que um erro de teimar
Não deixa de ser um erro
A reparar.

Manuel F. C. Almeida

















Procuro nas coisas
A simplicidade
Sem mistérios ou verdades
Etéreas
O que é, basta-se
Para se descrever,
Numa tela, num espelho
Ou no reflexo das águas
De um charco.

Simples é o modo de olhar
A complexidade do todo.


Manuel F. C. Almeida.

terça-feira, julho 29, 2014






















No calor do estio,
Recordar o inverno
Frio.
Entregar o corpo
Ao sol do
Verão…

E erguer ao alto
A mão

Na tela pintar,
O sonho de viver
A cantar.
Ler o poema
Parido na
Dor…

Colori-lo de
Amor.

Parar o olhar,
Num corpo de mulher
A dançar.
Dança de ventre
Com cio de
Querer…

Um momento
Qualquer.


Manuel F. C. Almeida

quarta-feira, julho 23, 2014


















Guardo no segredo dos dedos
A ternura que me deixaste pintar
No silêncio do deserto
Na distância do olhar

E na nostalgia dos tempos
Esculpida em mil em segredos
Guardo o canto dos ventos
E a face de todos os medos

E sempre neste silencio
Nesta angustia enfeitiçada
Olho a tua face na lua…pintada

E quando despido de mim
E sem telas pra pintar
Fico só com a memória…do teu beijar


Manuel F. C. Almeida

quinta-feira, julho 17, 2014





















Só o cantar das aves
O sol da madrugada
E o espelho das águas
Me devolvem
A frescura do teu corpo
Tomado
Entre tempos
E dias sem fim.

Manuel F. C. Almeida

quarta-feira, julho 09, 2014

















Olhar nas águas paradas
Um reflexo de luar
Uma gota que se solta da face
Pequenas ondas de mar
O caminho desbravado
E encontro a caminhar
Nesse enlaçar apertado
De um tempo sem lugar.

E bebemos nos lábios do outro

O desejo a desertar.

Manuel F. C. Almeida

sábado, julho 05, 2014












A PARTIR DE ALLAN PARKER

Toco-te ao amanhecer
No silêncio de um olhar
Nos lábios onde se pinta
O sonho
E se bebe a eternidade
De um universo criado
Nas asas da liberdade.



 Manuel F. C. Almeida.

domingo, junho 29, 2014











Decifrar o corpo
Devorar o medo.
É esse o trabalho
Do tempo

Aos homens
Resta  ser
A fragrância
Consumida
No acontecer.



Manuel F. C. Almeida

segunda-feira, junho 16, 2014





















E ainda assim
Dizemos que amamos
E soltamos suspiros.
Olhamos o tecto
E acendemos cigarros.
Lavamos os sexos
E os dentes
Vestimos roupas
E saímos rua fora
Como se o que de
Mais belo a vida tem
Fosse motivo
De culpa.

Manuel F. C. Almeida

quinta-feira, junho 05, 2014

















Guardado no peito
Trago comigo o som
Triste das ondas e das marés
O silêncio de oiro
Dos barcos na maré-alta
E um olhar que um dia
Foi perdido
Por entre a violência das ondas
E o naufrágio
De acontecer

Guardado no peito
Trago os segredos
Do meu viver


Manuel F. C. Almeida