domingo, março 30, 2014

















E o espelho fez-se névoa
E o dia fez-se ontem.
Nas minhas mãos
O palpitar do teu corpo
Queimava-me os dedos
E incendiava o olhar

Toda a existência é difusa
Todo o tempo confusão
Mas nas minhas mãos
O teu corpo ganha formas
E até com os dedos em chama
Desenho no ar um poema


Manuel F. C. Almeida

segunda-feira, março 24, 2014














Os amantes vivem
No brilho do olhar
E no silêncio
De uma estrela
Que dá luz  
Ao verbo amar



Manuel F. C. Almeida

quarta-feira, março 19, 2014
















( feito a partir da musica, Não da letra, " o cio da terra"  Milton Nascimento e Chico Buarque .



No calor do estio,
Recordar o inverno
Frio.
Entregar o corpo
Ao sol do
Verão…

E erguer ao alto
A mão.

Na tela pintar,
O sonho de viver
A cantar.
Ler o poema
Parido na
Dor…

Colori-lo de
Amor

Parar o olhar,
Num corpo de mulher
A dançar.
Dança de ventre
Com cio de
Querer…

Um momento

Qualquer.


Manuel F. C. Almeida

quarta-feira, março 12, 2014





















Suave é o gosto
Do teu corpo.
Ostra que envolve
O falo
Quando os corpos
Se entregam
Em segredo,
Eu calo
A voragem do desejo,
Como dia que se abre
Na neblina
Da madrugada.


Manuel F. C. Almeida

sexta-feira, março 07, 2014

(pintura Salvador Dali)

"Resurrection of the Flesh"




















Nesta estrada
Desenhada no centro da alma
Caminho como um louco
E nem o som dos meus passos
Se ouve
No âmago do meu ser
Irrompem vulcões
E a lava estende-se
Como um tapete
De silêncios
E corpos amalgamados
Pelo tempo
E sigo o caminho
Porque o tempo não
Se pode apagar
E ao longe há um monte
De corpos destroçados
Pela ilusória imagem
De futuro.


Manuel F. C. Almeida

sábado, março 01, 2014















Passa o tempo e outro tempo

Vai passando.

Faz-se do sonho

Um engano,

No tempo que a gente tem.

Dia a dia vai

Passando,

O tempo que nunca

Se alcança,

Ficam apenas na

Lembrança

Os dias em que o viver

Nunca deixava que tempo

Passasse sempre a correr.



Manuel Almeida

sexta-feira, fevereiro 21, 2014



















Nunca escrevo poemas de despedida
Porque todos os poemas são lugares
De chegada e de partida
Lamentos de almas que se quedam sós
Palavras e rimas que desatam
Nós
Nunca escrevo poemas de despedida
Porque as palavras nunca dançam sozinhas
E porque as frases são espelhos de vida
Retratos fixados nas linhas do tempo
Momentos parados, gritos de
Lamento

Nunca escrevo poemas de despedida
Mas todos os dias, desenho em poemas
O caminho, ignorado, da inevitável partida.



Manuel F. C. Almeida

terça-feira, fevereiro 18, 2014





















Nunca da ave arranques penas
Porque as penas são o voo
E o voo é sempre o que resta
A quem não cumpre o destino
E entende que a vida é um
Um poema de escolha livre.

Manuel F. C. Almeida

quarta-feira, fevereiro 12, 2014














Na mesa, o lugar
Do afeto e do prazer
O teu corpo encantado
Ergue-se numa dança
Imortal,
Há séculos repetida
Na solidão do pensar
E no engano da partilha.
Eu assisto ao festim
Do teu corpo
E quando me tomas
Sou apenas a folha
Que um vento te trouxe,
Um perfume na vida
Que abandonas
Quando os tambores
Se calam.
E o teu ventre se cobre
Em mil espasmos.


Manuel F. C. Almeida

terça-feira, fevereiro 04, 2014






















Ditamos palavras aos outros
Reflexões sobre reflexões
Obscuras ideias da vontade
Estilhaçadas em mil faces
E mil corpos
Que reluzem na luxúria
Do pensar e do sonhar

Num encontro cósmico
Belo e de sentimentais
Desejos egoístas.


Manuel F. C. Almeida

quarta-feira, janeiro 29, 2014





















Cruzei-me esta manhã com a morte
Estava parada à minha esquina
Pediu-me boleia mas não lhe dei
Porque não tinha a barba feita
E cheirava a sexo. Não dou boleias
Quando cheiro a sexo.
Para a compensar pisquei-lhe o olho
Ela encolheu os ombros.
E acenou-me com os dedos
Descarnados.
Não gostei do gesto
E espetei-lhe o dedo do meio
-toma lá grande vaca.
Sorri, gosto de sorrir pela manhã




Manuel F. C. Almeida

sexta-feira, janeiro 24, 2014





















Ofertei o que sou aos deuses,
Mas não aceitaram.
Escrevi mil cartas de amor,
Que nunca leram.
Esventrei as palavras em poemas
Nunca lidos

Resta-me o sol, o mar
E o canto das aves para
Acreditar que estou vivo.


Manuel F. C. Almeida

quinta-feira, janeiro 16, 2014

Follow my blog with Bloglovin
















Nunca chores um amor que partiu
Porque outros amores irão surgir
E se alguém de ti fugiu
Outro alguém te fará sorrir

Viver é um encandear de acasos,
Um enfrentar de esquinas ao virar
Uma surpresa em todos os passos
Que damos neste caminhar

Por isso não chores o passado
São só pétalas de eternidade,
Faz da vida um poema, um fado
E abraça sempre a liberdade.


Manuel F. C. Almeida

domingo, janeiro 12, 2014
















Chega-te a mim
Quando te sonho
Agarra todos
Os olhares vazios
Tenho tanto de nada
Que podes levar
Um pouco de mim
Guarda-me numa
Caixa bonita
Forrada com papel
De um qualquer jornal
Assim quando um dia
Me retomares sempre
Terás algo a ler.
Manuel F. C. Almeida

sábado, janeiro 04, 2014



Ergo-me nos ombros
De gigantes
Na cidade adormecida

E as luzes que me ofuscam
Indicam-me o caminho
Ao centro das coisas

Lá talvez encontre
A resposta para todas
As perguntas por fazer.


Manuel F. C. Almeida

sábado, dezembro 28, 2013



O desejo não é feito de palavras
Nem de intenções que se criem
Nos olhos
É algo que cresce ao som da pele
E se reclama nos dedos e nos lábios.
Aspiramos no outro,
A vontade que se dá em crescendo
Às aguas de um rio que
Em nada se detém

O desejo é uma fonte de águas
Límpidas e turbulentas
Do qual a razão está refém.


Manuel F. C. Almeida

terça-feira, dezembro 24, 2013

Musica
















Conhecer as notas
De dó a dó e todas
As outras.
Ouvi-las vezes sem conta,
Em milhares de tempos
E variações
Retomá-las, dá-las
Ao mundo.
E que o mundo crie
Novos tempos
Novas canções.

Manuel F. C. Almeida

sábado, dezembro 21, 2013















Tudo se passou num corredor sem fim

De um lado vidros, do outro

Imagens passadas.

De um lado o tempo presente

Do outro o tempo passado.

Ao fundo duas portas

Meio abertas

Ou meio fechadas.

E nós caminhávamos

Lado a lado

Com o olhar preso em frente

E os dedos das mãos entrelaçados

Num anuncio de amor que não

Se explica.

E parámos junto às portas

E olhámos nos olhos do outro

E escolhemos cada um a sua porta

Hesitámos um pouco mais

Tudo o que se seguiria seria

Para sempre

E eu nunca gostei de nada

Para sempre

É sempre tempo demais

E as imagens começaram a perder-se

E pelos vidros vi o temporal lá fora

Beijei-te as mãos

E segui o meu caminho

Para sempre

Sabendo que só a morte é para sempre.



Manuel F. C. Almeida

quarta-feira, dezembro 11, 2013

















Recordo da infância
As gaivotas e os poemas
Do Tejo
O cheiro a brisa do mar
De um local que pouco
Vejo

As gaivotas, sei que escrevem
Os seus poemas
A brisa, sei que esconde
Os seus segredos

E o Tejo que pouco
Vejo
Vai voltar a abraçar-me
E resgatar-me
Do medo.


Manuel F. C. Almeida