segunda-feira, outubro 03, 2016















Já o teu corpo se ergue
Na ventania do desejo
Os olhos fixam um ponto
Nos meus olhos
E os ventres teimam em se mover
Ao ritmo do tempo e do instinto
O poema nasce nos sons
Inteligíveis que se soltam
E se libertam dos corpos
E nos corpos

Não há espaço nem distancia
Não há amanhã ou esperança

Ficamos finalmente inertes
De sorriso nos olhos e
Flores no sexo
Porque só sorri quem ama.
Quem se limita a viver
Conforta o corpo com o corpo
E nem o vento lhe toca a pele
Ou a alma
Basta-lhe a quietude do desejo

Eu olho para dentro de mim
E tu olhas para dentro de ti

E na alvorada tudo se recomeça
E nem o canto das aves se ouve
Ou o azul do céu tem mais valor.
O despertador já tocou
É tempo de embalar o amor
Vestir a roupinha, por a máscara
Sair para rua e andar
Porque a poesia só se escreve
Ocasionalmente e em pudor.



Manuel F. C. Almeida

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