quinta-feira, novembro 03, 2011
















Por vezes há noite, antes dos braços do sonho
Me tomarem, no seu regaço, sinto o desejo de
Pensar que o mundo é linear. Que há gente
Boa e gente má, que ao branco se opõe o negro
Que existe algures um equilíbrio racional.
É nas horas em que me descubro só, cada vez
Mais só, um eclipse humano tomou conta de mim.
Se existo ou não, jamais saberei, porque pensar
Nada prova, para além do vazio do escuro e
Da ausência. Acompanha-me nestas viagens
A incerteza dos sentidos, uma incerteza pulsante
Viva, presente. E quando os murmúrios do silencio
Se descobrem, abandono-me no sonho de que um
Dia alguém surgirá do nada para me estender a mão,
Me afagar os cabelos e me segredar doce e ternamente
Amo-te.
Mas as manhãs trazem sempre um novo dia
E o corrupio sem sentido de me encontrar
Novamente só….no meio da multidão.

Manuel F. C. Almeida

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