Que vento indomável me tomou o olhar
Que os meus olhos só vêm o que não viam?
Máscaras de uma normalidade lúcida
Num tempo em que “ser” se transmuta
E tudo se move, tudo evolui, tudo se altera
Na vida, no mundo que é um todo real
Só o pensar se mantém em cristal
Recusando assim o movimento
Ontem fui, hoje sou, amanhã não sei
Mas sei o caminho que estou a traçar
E na solidão do meu caminhar
Não há tempo a perder na vida
Resta-me pois enterrar o que fui
Abraçar o que sou e enfrentar o amanhã
Sem deuses ou deusas e sem sacrifícios
Que me tomem o corpo e a sanidade
É tempo de ir, tempo de mudar
Dizer adeus, cavalgar a saudade
Porque o caminho da memória é tortuoso
E recordar é só um perpetuar o passado.
Manuel F. C. Almeida
Sem comentários:
Enviar um comentário