segunda-feira, outubro 12, 2009



A CRÍTICA COMO MOTOR DA HISTÓRIA
MUITO RARAMENTE COLOQUEI AQUI TEXTOS SOBRE A POLITICA NACIONAL E SOBRE OS PARTIDOS POLITICOS, MAS DESTA VEZ NÃO POSSO DEIXAR DE REFLECTIR SOBRE AS REALIDADES MUNDANAS.
Beja, Sines, Marinha Grande, Vila Viçosa e Aljustrel. Cinco municípios emblemáticos para as cores do PCP. Em Beja nunca as diferentes coligações do PCP tinham perdido a direcção da câmara municipal. Aljustrel, terra de mineiros, de luta e de resistência, onde a CDU ganhou as legislativas agora caiu nas mãos do PS. Uma vitória do ex-ministro Manuel Pinho ou uma derrota do mau trabalho feito depois da saída de José Godinho?
A verdade é que a perca de 400 votos em relação a 2005 ditou que um bastião do operariado português tenha caído nas mãos de populistas e demagogos que o PS tem arregimentado a troco de lugares e benesses em organismos tutelados pela administração central. Mas só isto e a deslocação do voto útil do PPD/PSD para o PS não chegam para explicar a hecatombe da CDU e do PCP no distrito de Beja.
Desde há anos que afirmo ser a organização do PCP de Beja caracterizada pela tomada do poder, internamente no partido, pelos funcionários. Gente sem qualquer ligação às realidades locais que são enviados para os concelhos com orientações que visam apenas e só dar resposta ás suas visões sobre a realidade, incapazes de fazer qualquer tipo de autocrítica, unicamente interessados em procurar colunáveis concelhios. Gente com afirmação académica em nada ligados ao partido ou ao ideário comunista antes e só gente pragmática capaz de saltar de partido na primeira vez que lhes acenem com poder ou lugar distinto. Assim caiu Beja nas mãos de quem há muitos anos andou de braço dado com a DORB, assim têm caído outras câmaras por todo o lado. A intransigência da direcção do PCP em fazer a tão necessária autocrítica, e uma análise dialéctica das coisas tem colocado fora do partido centenas de militantes por processos enviusados e pouco claros e ao mesmo tempo tem promovido localmente gente que à primeira contrariedade não se inibe em virar costas ao partido e procurar safar a vidinha por outro lado. Tudo isto o PS agradece. Com lugares para distribuir nas mais diversas áreas da administração central, estende os seus tentáculos a toda a sociedade portuguesa.
No fundo a vitória do PS nas zonas de influência histórica do PCP deve-se exclusivamente ao facto do PCP ter hipotecado a sua vertente Marxista e ter cedido ás teses defendidas pelos funcionários. Alguns deles poderiam estar num outro qualquer partido. As suas práticas nas células onde estão colocados, há muito que deixaram de ser
Dignas de comunistas, e a análise que as populações fazem dos seus comportamentos e das suas actuações resultam em derrotas eleitorais que só a visão distorcida desses mesmos funcionários procura transformar em vitórias.
Num momento particularmente difícil para o PCP com a queda de 3 autarquias marcadamente operárias como são os casos de Sines, Aljustrel e Marinha Grande, aliado à queda da capital do Baixo Alentejo, Beja, julgo ser tempo do partido ouvir todos os militantes, debruçar-se sobre as razões que levaram a isso e tirar conclusões. Mas conclusões que não estejam marcadas pelos vícios dos responsáveis por estes recuos.
É tempo do PCP honrar a sua génese marxista.
Como curiosidade vejam-se o numero de eleitos locais eleitos nas listas do PS e PSD que em tempos militavam ou davam o seu contributo ao PCP e à CDU.

Manuel F. C. Almeida

10 comentários:

Anónimo disse...

Que belíssima análise, muito obrigado pela síntese que fizeste sobre a realidade que nos vai trocidando. Parece no entanto que tal facto não vai alterar em nada o comportamento do pcp, local, vai continuar orgulhosamente quase só, de derrota em derrota até à derrota final.
Mas, tem os democratas de castro que ainda ficaram para ensinar como se deve fazer o tal caminho, o da ostracização e liquidação de cabeças que pensam um pouco mais e diferente.

sagher disse...

cito o anónimo:
"Mas, tem os democratas de castro que ainda ficaram para ensinar como se deve fazer o tal caminho, o da ostracização e liquidação de cabeças que pensam um pouco mais e diferente."

com todos os erros que se possam ter cometido em Castro Verde e embora eu não conheça os detalhes da elaboração das listas, a verdade nua e crua é que por cá se discutiram as pessoas, se deebateram as estratégias e se ganharam as eleições. A verdade é que por cá a saida de um autarca emblemático, que muito deu e deve à CDU, ao invés de dividir as gentes, teve o condão de as unir no sentido de manter esta Vila na área de influencia da CDU e do PCP.
Os que se autoexcluiram, como eu, fizeram-no por opção. Embora tenha sido convocado para participar. E continua a ser esta a minha opção.

E interessante é dar a face, o anonimato esconde sempre a incapacidade de enfrentar os outros.

Anónimo disse...

Boa!...

Sagher, de mal-agradecidos está o mundo cheio.

maria.

RENATA CORDEIRO disse...

Desculpe-me por invadir seu espaço, mas diante do que li, tampouco eu posso calar-me. O que ocorre aí, ocorre aqui, só que eu não me auto-excluí. Por opção, que como a sua deve ser respeitada. Mas pensei que por aí, a política já se houvesse avançado desde que em Portugal estive. Engano meu. Aqui o mapa político é outro: não há divisão entre aldeias, vilas, cidades, e seus concelhos e distritos (não entendo de sua política muito). Mas o nosso interior de São Paulo, que conheço muito bem - pois nele nasci e o tive de percorrer, justamente por causas políticas daquele que chegou sem avisar e pegou meu pai desprevenido - nem tampouco o Sertão do Nordeste do Brasil, no plano político é distinto.
Intimidade consigo não tenho, não é para isso que vim, foi para lhe disse o que disse e me vou. Ainda lhe digo que não tenho medo da morte, mas que a vida vale muito, mesmo para quem já está na sobrevida.
Meu abraço e meu respeito,
Renata

LUA DE LOBOS disse...

gostaria de te convidar para o lançamento do meu livro mas preciso do teu email
xi
maria de são pedro

Chapa disse...

Pela primeira vez, os camaradas do CC consideraram que os resultados obtidos nas eleições, foram insatisfatórios. Não tiveram coragem de procurar as razões para a insatisfação, antes preferiram justificar com os suspeitos do costume, os outros. No entanto, é uma grande inovação, tendo em conta que nos últimos trinta anos, nunca vi o PCP assumir uma derrota eleitoral.

sagher disse...

tudo muda amigo chapa. e em face das evidências e de tantas opiniões semelhantes à minha que chegaram ao C.C. era inevitável. No entanto a "funcionarite" continua a colocar uma cortina entre as realidades locais e a sede nacional do PCP. Foi assim que, tal como denunciava Alvaro Cunhal, os comunistas soviétics e o seu politburo se afastaram das massas. Ao permitirem que sejam criadas zonas de influencia por parte dos funcionários, estes silenciam todas as vozes, todas as criticas e todas as propostas que não se enquadrem no seus insteresses. Mas o PCP sobreviverá a todos. O meu interesse é o de alguém que nunca renega as suas origens ideológicas. O de alguém que não quer lugares ou que procura reconhecimento social. O meu interesse é e será sempre uma idéia para Portugal. Uma idéia na qual o PCP tem um importante papel a desempenhar.

Manuel António Domingos disse...

Depois destes resultados aqui no distrito, talvez o Jorge Cordeiro se tenha lembrado da minha intervenção de 7 minutos no debate sobreo poder local que se relizou este ano na Festa do AVANTE!

sagher, concordas com a remoção do Blog; CASTRO VERDE?

Se poderes influenciar o dono, diz-lhe lá que o mantenha dísponível, mesmo que inactivo. Tenho lá akguns comentários que eu perdi e gostava de recuperar par memória futura. Antecipadamente obrigado pelas diligências que possas fazer!

sagher disse...

MAD nao sei e mais uma vez reitero o meu desconhecimento em relação ao bloguer em causa. Se a tua intenção é, mais uma vez, colar a minha pessoa ao blogue que referes, apenas reafirmo o que te disse anteriormente.

Manuel António Domingos disse...

No pedido que te fiz anteriormente, a única razão, era o que lá estava escrito e nada mais.