quarta-feira, março 07, 2007




- Vê como te portas – segredou-me a Isabel ao ouvido – nada de meteres as mãos onde não deves. Não resisti a recordar-me e a dar uma breve gargalhada. Ela ainda se recordava como tinha-mos começado. Há muito tempo que não sentia o meu riso tão natural, tão meu.
Não sou o que se apelida de bom garfo. Já fui, mas creio que a necessidade obriga-nos a mudar e comigo assim foi. Por isso ao ver o que estava na mesa não pude reprimir um sentimento de náusea. As únicas comidas aceitáveis eram as saladas. Um desperdício obsceno. A minha reflexão foi interrompida pela Fátima.
- Então Dr. o que vem cá fazer? – Olhei para ela. Linda e bela, a seu lado um homem com idade para ser seu pai. A Isabel ouviu a questão e discretamente tocou-me na perna. De imediato fiquei alerta. Esperava que se movessem, não esperava é que fosse assim. se a minha viajem tinha sido comunicada porquê tal pergunta?
- Vim verificar como decorre o levantamento arqueológico. Já tinha saudades do campo! - Respondi. De imediato vi abrir-se um sorriso cúmplice.

1 comentário:

Bartolomeu disse...

Meu amigo Sage.
Sinto-me impelido a fazer algo que habitualmente evito, mas como o amigo é em si mesmo uma excepção, vou transgredir a minha norma.
Assim sendo, vou apelida-lo de Luis de Matos da escrita, mas... em bom.
Pois é Sage, na minha modesta opinião, em cada post, revelas-te um verdadeiro prestidigitador da escrita. A prova-lo? Ora, basta concentrar um pouco a atenção no primeiro paragrafo, onde a Isabel te recomenda que não metas as mãos onde não deves.
Cogitando cá cos mês betanitos... não estaria a moça a incentivar-te a meteres as mãos onde devias?
pensa nisso Sage. Conheces a subtileza das mulheres, dizem sempre o que querem de um modo que à partida presupõe que não querem.
Deve ser para testar a nossa prespicácia.