Eu pertenço a um outro país que não o vosso, a um outro quarteirão, a uma outra solidão LÈO FERRÉ
terça-feira, novembro 21, 2006
DE MIGUEL SOUSA TAVARES
Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido.O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.
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3 comentários:
Por uma vez (sem exemplo ;)) tenho de concordar com o Miguel Sousa Tavares.:)
Para negócios, chega o trabalho e em algum lado, havemos de poder ser pessoas e amar.
Ah e adoro os Procol Harum
Olá =) adoro o texto! Mas tenho de fazer uma pequena correcção, se não levar a mal, o texto é de Miguel Esteves Cardoso!
Cumps!
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