segunda-feira, agosto 28, 2006

nigthmare

2006. Portugal. Europa. Mundo ocidental. O muro de Berlim caiu assim como a sua base de sustentação: o comunismo. Por toda a Europa sopram ventos de mudança de inspiração liberal, profundamente capitalistas na sua génese. O planeta está pela 1ª vez ameaçado de morte face à voracidade dos homens na procura do lucro destruindo assim milhares de espécies e de habitat. Nada coloca a Ordem em causa. A resistência ao capitalismo selvagem faz-se agora, estranhamente, pelas mãos de grupos fundamentalistas religiosos sendo os mais activos os de cariz muçulmano e os de inspiração cristã. É neste quadro dantesco que história se desenrola. A ameaça que a guerrilha representa é enorme. A vida humana deixou de Ter valor. O mundo ocidental em represália contra o ataque às torres gémeas já desencadeou duas guerras. Uma contra o regime afgão dominado pelos estudantes de teologia ou talibans, outra contra um antigo aliado, o presidente do Iraque, Sadam Hussein. Ambas as guerras ainda não terminaram e os povos dessas regiões vivem hoje pior do que viviam nos regimes originários. Os atropelos aos direitos humanos por parte das forças ocupantes são diários. As opiniões públicas ocidentais vivem letargicamente dominadas pela (de)informação. A generalidade dos governos ocidentais aprova leis contra as liberdades individuais, restringe o acesso á informação, institui uma censura prévia, tudo isto com o apoio tácito da população. As liberdades são o sacrifício a fazer contra a ameaça terrorista. Alguns países encenam atentados de forma a justificar leis mais repressivas. Os contestarios são silenciados pelos média. A nova ordem exige uma forma única de pensar e de agir. Enquanto isso, em África (o continente mais rico em termos minerais de subsolo) milhares de pessoas são mortas pela doença, pela fome e pelos senhores da guerra alimentados pelos países ricos. Na Ásia a exploração capitalista atinge proporções inimagináveis. Milhões de pessoas, crianças incluídas, são transformadas escravas quer pelos governos, quer pelas grandes corporações. Nada parece capaz de travar este vórtice. Os europeus abdicam do que conquistaram durante anos de luta e de sofrimento a troco de nada. Os africanos já nada têm. Os sul-americanos são, na generalidade, escravos do tio SAM. Por todo o lado acordos de comércio livre (que o não são) pressionam os trabalhadores a abdicar dos seus tempos de descanso, das suas férias, dos seus salários. A morte grassa por todo o lado. As desigualdades aumentam, o crime toma conta das ruas. Os estados usam o argumento da defesa dos cidadãos para aumentarem os efectivos repressivos. Em cada esquina há um polícia, todos somos convidados a denunciar os nossos vizinhos. O medo instala-se e é visível na forma como as pessoas abordam os outros nas ruas das grandes cidades. Os governos vivem e mantêm-se pelo medo e com o medo. Ataques de histeria colectiva têm cada vez mais ocorrências. Morrem cidadãos nas ruas da Europa e dos EUA apenas porque têm uma cor de pele suspeita. Morrem cidadãos no médio oriente para alimentar a instabilidade e fazer enriquecer a especulação bolsista e o negócio do petróleo. Quem ganhou com a invasão do Iraque? Quem tem ganho com a instabilidade na região? Como se usa dizer chechez la famme.
Hoje uma nova frente de batalha se está a abrir. Os governos ocidentais, a mando das grandes corporações empresariais já falam na necessidade de aumentar o número de horas de trabalho na EU. É o golpe final nos que, crendo nas boas intenções dos senhores do dinheiro, sempre defenderam uma coabitação pacífica entre trabalhadores e patronato. Na verdade este ataque a direitos conquistados em anos e anos de lutas mais não é que o aproveitar do enfraquecimento sindical e ao mesmo tempo uma chantagem sem excrupulos. Dizem as empresas que e passo a citar “ ou se abdica de alguns direitos ou elas se deslocalizam”. Isto faz cair por terra o argumento de que a GLOBALIZAÇÃO TINHA COMO FIM A MELHORIA DAS CONDIÇÕES ECONÓMICAS DOS PAISES POBRES. A globalização apenas teve como fim a possibilidade das empresas explorarem mão-de-obra barata pressionado os seus funcionários no ocidente para que estes se tornem gente dócil sem capacidade reivindicativa ou politica.
Os sindicatos infelizmente tardam a dar resposta a tudo isto e sem uma estratégia global comum são claramente dominados e entregues nas mãos de agentes dos governos ou de gente corrupta. Não existe uma estratégia a longo prazo e as suas direcções tendem a manter-se no poder de forma carreirista e fraudulenta. As eleições, dominadas pelos média em termos de formação de opinião, mais não são que plebiscitos ás politicas aplicadas, plebiscitos viciados já que as vozes discordantes são silenciadas ou acusadas de inimigas do interesse comum. Os governos uma vez eleitos rapidamente tecem quadros negríssimos de forma a aplicar politicas que apenas servem os interesses dos senhores que lhes pagaram as campanhas. Portugal é um exemplo disto nos dias que correm. Na saúde, onde o estado se está a retirar dos sectores mais apetecíveis, colocando em causa princípios constitucionais, rapidamente surgem como que por magia grupos privados(bancos e seguradoras) que exploram essas oportunidades de negócio. Na
educação, onde o estado permite que universidades privadas ofereçam cursos em áreas que apenas irão aumentar o número de desempregados, a confusão é enorme e assiste-se a uma perca de qualidade que visa claramente formar mentecaptos ao invés de formar gente capaz. Os indicadores sobre de optimismo das pessoas, nunca estiveram tão em baixo, ao mesmo tempo que pelo 4º ano consecutivo a banca, as seguradoras e as grandes empresas vêm aumentar os seus lucros de forma desmedida. Olhemos para o exemplo mais paradigmático da hipocrisia dos senhores do poder. Bancos, seguradoras, estado, todos concorrem no sentido de nos levar a utilizar as novas tecnologias, nomeadamente a Internet. Panaceia para todos os males, a Internet surge como mais um factor de quebra de custas para as empresas e de diminuição do número de funcionários do estado. Empurrar os clientes para a Internet permite despedir alguns funcionários e poupar dinheiro de funcionamento. Mas o que não é dito, é que essa poupança se faz à nossa custa. O que não se diz é que para diminuir o número de FP todos nós vamos engordar os bolsos dos accionistas da PT com um custo anual de 600 euros. São 600 euros que cada um de nós gasta para poder navegar. 15 de assinatura mensal de telefone e mais 35 da assinatura mensal da Internet. A modernização do aparelho do estado e a diminuição de custos na banca estão a ser feitas á custa do nosso esforço e á custa do posto de trabalho de milhares de pessoas e no entanto não pagamos menos impostos nem, nos custa mais barato navegar na Internet. Mas quando se apresentam ao eleitorado, ou seja a todos nós, a pedir que votemos neles, nada disto é dito e as promessas são muitas. Infelizmente os povos tendem a ter pouca e má memória, e o controle do aparelho de estado e da comunicação social tem feito o resto. Aos que discordam resta a frase de um poeta que se traiu a si mesmo.
HÁ SEMPRE ALGUÉM QUE RESISTE, HÁ SEMPRE ALGUÉM QUE DIZ NÃO.

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